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Novembro Azul: Diagnóstico precoce do câncer de próstata é fundamental para cura da doença

Urologista esclarece mitos e verdades da doença que atingiu 68 mil homens em 2018

A campanha Novembro Azul busca a prevenção e conscientização sobre o câncer de próstata. O movimento foi iniciado em 2008 pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL). O diagnóstico precoce é muito importante para o tratamento da doença que pode crescer e se espalhar por todo corpo.

Segundo o urologista Humberto Teruo Eto, os homens devem começar a realizar o exame de toque a partir dos 50 anos. Aqueles que enquadram os fatores de risco, pelo fato de um parente já ter sido diagnosticado com câncer, por serem obesos ou afrodescendentes, devem começar a fazer o exame a partir dos 45 anos.

O médico explica que o preconceito presente na sociedade influencia no aumento dos casos. Ele afirma que quanto antes a doença for descoberta, maior é a chance de cura. “Doenças em fase inicial nós conseguimos a cura de 90% das vezes. Quando a doença está avançada é muito difícil”, declara.

O urologista salienta que o mais importante é o diagnóstico precoce e para isso é preciso superar esse tipo de preconceito. “O toque não é o único exame, mas é uma coisa que auxilia e que é relevante. É indolor, é rápido e é importante que o homem se conscientize. Hoje, depois do câncer de pele, esse é o câncer mais frequente no homem. Ele é mais incidente do que o câncer de mama na mulher”, declara.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2018 foram registrados 68.220 novos casos de câncer de próstata. Em 2017, houve 15.391 mortes devido ao câncer. O instituto diz que a doença é considerada um câncer da terceira idade, pois 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos.

O câncer em Brusque

Brusque registrou 16 casos em 2018 e todos foram encaminhados para Blumenau, onde é realizado o tratamento. Neste ano, a Secretaria de Saúde contabilizou 13 casos.

Dos pacientes identificados com o câncer em 2018, dois faleceram devido a complicações da doença, um seguiu para o tratamento particular e os outros 13 estão realizando tratamento de quimioterapia ou radioterapia, ou tendo acompanhamento médico, que pode ser trimestral, semestral ou anual.

Já os pacientes diagnosticados com a doença neste ano, nove estão realizando a quimio ou a radioterapia. Um dos casos desistiu da cirurgia e outros três estão aguardando a data da consulta para iniciar o tratamento.

Monitoramento constante

Sandro Roberto Toazza, 55 anos, descobriu a doença em junho de 2018 enquanto estava na fase inicial. A cirurgia foi realizada em dezembro do ano passado. O morador do bairro Limoeiro conta que realizava os exames a cada seis meses.

Em uma das consultas ao urologista, o médico detectou que ele estava com prostatite, que é um inchaço na próstata. Sendo assim, eles realizaram a biópsia e só então identificaram o câncer.

Segundo ele, graças ao monitoramento foi possível descobrir a doença no início e não foi preciso fazer quimio nem radioterapia. “De câncer de próstata eu não morro mais, pois eles tiraram a próstata. Só descobri precocemente porque faço meus exames, se não poderia ficar com aquilo por muito tempo e a coisa se agravar”, explica.

O diagnóstico da doença

O desenvolvimento do câncer varia de paciente para paciente. “Fazemos a prevenção com o toque retal e o PSA, que é o exame de sangue. Além disso, fazemos o histórico do paciente para ver se tem algum sintoma ou familiar com a doença. Isso ajuda a ter um diagnóstico mais preciso”.

Caso os exames mostrem que existe alguma alteração no sangue ou na próstata, o próximo passo é a biópsia, que identificará o grau da doença. Para realizar o procedimento, é retirado um fragmento da próstata que será analisado pelo médico.

A Escala de Gleason é utilizada para analisar o grau da doença. Os números variam de seis a 10, sendo o seis menos agressivo e os demais são gradualmente mais agressivos e, consequentemente, se desenvolvem mais rapidamente.

Uma doença silenciosa

Eto explica que atualmente 25% dos casos quando descobertos já são avançados. “Na rede pública é pior ainda porque é mais difícil o acesso. A faixa da população de menor renda tem muito mais preconceito. As pessoas que têm um nível de estudo maior têm menos preconceito e os mais jovens também”, diz.

Segundo ele, é nessa parte da população, de mais idade e baixa renda, na qual geralmente os casos avançados são descobertos. “O câncer de próstata não dá sintomas e esse é o grande problema”, esclarece. Normalmente quando o homem tem algum indício da doença, ela já está muito avançada.

Além disso, o urologista também informa que o câncer é evolutivo. Apesar de começar em uma parte da próstata, a doença cresce e pode atingir toda ela ou lançar metástase e alcançar outros órgãos, como pulmão, fígado, ou até mesmo os ossos. “Quando a doença está localizada só na próstata, nós vamos lá e tiramos ou fazemos radioterapia para queimá-la. Se ela está fora da próstata é mais complicado”, esclarece.

Se na ocasião do diagnóstico ou da retirada do tumor a doença já espalhou metástase, apenas a cirurgia ou a radioterapia não serão suficientes para resolver. “Às vezes acontece da doença estar querendo sair da próstata. Nós tiramos e fica um pouco em volta, então dá para fazer a cirurgia e depois a radioterapia”.

O médico explica que após a doença lançar metástase a cura é mais difícil e é necessário aliar outros tratamentos como a quimioterapia.

Mitos e verdades

Pergunta: Vasectomia causa câncer?
Resposta: Não, isso é um mito. Antigamente existia essa ideia de que a cirurgia pudesse causar o câncer, mas foi feito um estudo e isso não foi comprovado. Recentemente tentaram correlacionar, mas não está bem comprovado.

P: Andar muito de bicicleta causa câncer?
R: Fazer ciclismo não tem relação com o câncer de próstata.

P: Homens que fazem cirurgia de próstata podem ficar impotentes?
R: A cirurgia tem evoluído, antigamente tinha um risco grande. Hoje, apesar das técnicas mais modernas existe um risco, depende do grau e evolução da doença. Existem dois nervos que passam ao redor da próstata que levam a ereção e quando a doença está muito avançada nós temos que junto com a próstata retirar essa parte. Se ela é pequena e está restrita dentro da próstata, nós conseguimos conservar esses nervos, principalmente com os métodos mais modernos da cirurgia que são a videolaparoscopia e a robótica.

P: Alimentação interfere no surgimento da doença?
R: Não existe nada preventivo, mas a alimentação rica em gordura animal pode facilitar o aparecimento do câncer de próstata. Não causa, mas facilita. Países orientais como o Japão que tem uma dieta baseada em peixes, alimentos ricos em ômega três e vegetais, eles têm uma incidência muito menor do que países com dieta rica em gordura.

P: Incidência solar diminui os riscos de ter o câncer?
R: Sim, moradores de lugares com incidência solar maior têm uma menor chance de ter câncer de próstata. No sul do país, onde a incidência solar é menor e a dieta é muito rica em gordura animal, nós temos uma incidência de câncer de próstata 10 vezes maior do que no norte do país.

P: Pessoas mais novas podem desenvolver a doença?
R: Sim. Quando acontece em adultos mais jovens, a partir dos 40 anos, a doença é mais agressiva. A incidência maior é acima dos 50 anos. Os que enquadram o fator de risco tem uma chance maior, mas não exclusivamente. Abaixo dos 40 anos é raro. Já tive pacientes, mas é raro.