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Novo hospital de Brusque terá centro de cardiologia

Instituição deverá iniciar as atividades em fevereiro, após obtenção de licenças e contratação de pessoal

Foi homologada na manhã desta quarta-feira, 6, a compra dos equipamentos do antigo Hospital e Maternidade de Brusque (HEM) pelo gestor hospitalar Luiz Gonzaga Coelho, diretor-geral do S.O.S Cárdio, hospital de Florianópolis, que assumirá a gestão e fará a reabertura da instituição.

Com a assinatura, a partir de agora o arrematante irá constituir um novo CNPJ para abertura de um novo hospital nas instalações do HEM. Em audiência na Vara do Trabalho, ele recebeu das mãos de Roberto Wilke, da Comunidade Luterana, as chaves da instituição. Cabe ressaltar que o imóvel e o terreno seguem de posse da comunidade.

Gonzaga, que representa um grupo de empresários que investiu no projeto, afirmou que o projeto desenhado pela S.O.S Cárdio contempla o pleno funcionamento do novo hospital, com todos os serviços previstos, dentro de três a quatro anos.

Será um hospital geral e terá, conforme o projeto, um centro de cardiologia, para aproveitar a expertise da S.O.S Cárdio nesta área. Além disso, Gonzaga adiantou que o novo hospital pretende manter o centro de referência em obstetrícia e neonatologia, que existia no HEM.

Um pronto-atendimento também está contemplado no projeto. “Dentro de um conceito de utilização dos médicos e das competências que encontramos na região, será um hospital geral com duas ou três competências principais que irão se estabelecer”, afirma Gonzaga.

Pela compra dos equipamentos, foi pago R$ 1,6 milhão, sendo melhorada em R$ 100 mil a proposta inicial, baseada no preço mínimo estipulado no edital. Segundo o arrematante, a concretização da compra só foi possível porque a sociedade se mobilizou.

“Empresários, médicos, bancos e outras lideranças iniciaram um processo de colaboração para que, com empréstimos e doações, esse projeto seja viabilizado financeiramente”, disse, em nota distribuída à imprensa ao final da audiência.

Prazos para abertura do hospital

Gonzaga informou que, a partir de agora, será iniciado o processo de revisão e adequação de todos os equipamentos que foram comprados, assim como verificação da estrutura tecnológica do hospital.

Uma etapa que também começa agora é a obtenção de licenças necessárias para abertura do hospital, assim como a reestruturação dos serviços e a contratação de pessoal. As primeiras serão feitas já em janeiro.

O gestor acredita que até o fim de fevereiro seja feita a abertura, após serem adquiridas todas as licenças e certificações necessárias.

A previsão é que em 180 dias, ou seja, em meados de maio, os principais serviços já estejam em pleno funcionamento. Ainda não há um nome definido para a nova instituição.

Para isso, também será necessária uma troca de informações com as instituições e prestadores de serviços que já atuam no município, como o Hospital Azambuja e Planos de Saúde.

Contratação de funcionários em janeiro

Gonzaga afirma que há intenção de aproveitar o corpo técnico que já trabalhou no antigo hospital evangélico.

“Cabe  a nós, dentro da responsabilidade social, recontratar a grande maioria dos funcionarios que trabalham antes no hospital”, diz. “Claro que isso vai depender da integração dessas pessoas dentro do plano estratégico”.

A estimativa é de que, dentro de quatro anos, quando o novo hospital estiver em pleno funcionamento em todos os serviços previstos, serão entre 450 e 480 funcionários.

Dessa forma, em janeiro será criada uma central, aqui em Brusque, para recebimento de currículos de profissionais interessados em fazer parte do hospital.

Para tentar reintegrar ex-funcionários, será agendada uma reunião entre os novos gestores e o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde, com objetivo de verificar a possibilidade de que essas pessoas voltem a trabalhar no novo hospital.

O pagamento do passivo trabalhista

A venda dos equipamentos pelo gestor da S.O.S Cárdio, finalizada nesta quarta-feira, foi uma solução encontrada pela Justiça de Trabalho de Brusque para resolver o problema das dívidas trabalhistas que o HEM possuía com funcionários.

O juiz Helio Romero, que mediou o acordo, explica que existiam muitas ações judiciais contra o HEM, e a penhora dos equipamentos veio para garantir que eles recebam o que lhe é de direito.

Os cálculos do magistrado dão conta de que, com esse valor, que será pago em dez parcelas, será possível quitar pouco mais de 80% dos créditos trabalhistas. Ele informa que os trabalhadores cujo direito já está garantido, ou seja, cujo processo já tem sentença e cálculo do valor de pagamento, receberão proporcionalmente assim que as parcelas são pagas.

“Esse trabalho valeu por mil acordos”

Ao fim da audiência, o juiz Helio Romero comemorou o desfecho. “A comunidade poderia imaginar que não estivesse sendo feito nada, mas nós estávamos aqui incansavelmente trabalhando para que essa negociação fosse concluída. Esse trabalho foi o equivalente a mil acordos”, disse.

“Brusque não pode ficar deficitária em termos de saúde”, opina o magistrado. “Estamos diante de uma possibilidade de Brusque se transformar, em vez de deficitária, em uma cidade acolhedora de tecnologia médica de ponta”.

Representante da Comunidade Luterana, Roberto Wilke também comemorou a abertura do novo hospital, já que o HEM está sem atividades há cerca de oito meses. “A comunidade vai estar sempre junto com o investidor, para que a coisa dê certo”, afirmou.