Número de focos do Aedes aegypti em Brusque é 50% maior do que em 2017
Falta de colaboração da população é um dos principais fatores do aumento dos criadouros do mosquito
Somente nos cinco primeiros meses de 2018, a Vigilância Epidemiológica de Brusque já encontrou 122 focos positivos do Aedes aegypti no município, o mosquito transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya. O número é 50% maior do que os focos encontrados durante todo o ano passado: 64.
Apesar de não ter nenhuma pessoa doente na cidade, os números acenderam o sinal de alerta, de acordo com o órgão. “Tivemos 17 casos suspeitos, mas foram todos descartados. Não temos a doença, mas um grande número de focos, o que é extremamente preocupante porque só estamos no mês de maio”, diz a coordenadora do programa de endemias da Vigilância Epidemiológica, Letícia Figueredo.
O maior número de focos está concentrado nos bairros Santa Terezinha (54), Nova Brasília (22) e Santa Rita (14), que recebem uma atenção especial dos agentes de endemias, já que são considerados infestados. De acordo com Letícia, Santa Terezinha e Nova Brasília têm duplas fixas de agentes que atuam nos dois bairros, com o objetivo de intensificar as ações.
A coordenadora do programa de endemias destaca que praticamente todas as regiões de Brusque já tiveram, pelo menos, um foco positivo do mosquito neste ano, o que também é preocupante, já que bairros que no ano passado não registraram focos, neste ano já entraram para a lista do órgão.
População não é parceira
Letícia considera que o principal motivo para este aumento no número de focos no município é a falta de conscientização da população sobre a importância de não manter água parada acumulada em seus terrenos. “Hoje não temos a parceria da população no combate ao mosquito. Estamos com uma temperatura propícia para a reprodução. Mesmo no inverno, o ciclo do mosquito continua, mas em velocidade reduzida”, diz.
Ela afirma que os agentes de endemias ainda encontram muitos recipientes com água parada: lonas, vasos de flor, potes e garrafas que são o local ideal para a reprodução do mosquito.
Letícia diz que nas áreas de foco, os agentes visitam as residências e, inicialmente, fazem orientações aos moradores. Depois, pedem licença para fazer uma vistoria no imóvel.
Caso encontrem água parada, os agentes pedem para o morador eliminar o possível foco imediatamente. Se forem muitos recipientes, é dado um prazo de sete dias para o morador fazer a limpeza do local. “Quando retornamos, e percebemos que não foi feita a limpeza, encaminhamos para a Vigilância Sanitária, que faz o seu procedimento”, diz.
De acordo com ela, é bastante comum o agente vistoriar o mesmo local várias vezes seguidas porque não há colaboração dos moradores.
Dificuldade de acesso aos locais
Com o aumento significativo no número de focos, o programa de controle da dengue ganhou mais cinco agentes de endemias. Agora, a equipe têm 18 agentes que circulam diariamente por todas as regiões da cidade em busca de focos do mosquito.
Segundo Letícia, uma das dificuldades dos agentes durante as vistorias são as residências vazias. Quando o agente se depara com uma casa fechada, faz o encaminhamento para a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro. “Os agentes de saúde sabem os horários que os moradores estão em casa, então temos essa parceria. Eles ficam responsáveis por vistoriar o imóvel”.
Outro problema são os locais que estão abandonados. Letícia diz que os agentes são autorizados a entrarem no local para fazer a vistoria, entretanto, a preferência é que o proprietário seja localizado.
No caso de terrenos baldios que são alvo de denúncias ou estão em áreas de foco, os agentes realizam a vistoria e tentam localizar o proprietário, em parceria com o Instituto Brusquense de Planejamento (Ibplan), para solicitar a limpeza.
Letícia afirma, entretanto, que recentemente foi realizada uma reunião com a procuradoria do município em busca de um parecer sobre a legislação que rege a limpeza dos terrenos baldios na cidade.
“A lei fala que a prefeitura pode fazer a limpeza e depois cobrar do proprietário. Pedimos um parecer sobre isso e estamos aguardando, se for favorável, vai agilizar muito o nosso processo de trabalho”.
Além de vistoriar as residências, os agentes de endemias realizam, semanalmente, a vistoria nas 581 armadilhas espalhadas pela cidade. A vigilância também visita a cada 14 dias os 107 pontos considerados estratégicos: borracharias, cemitérios e floriculturas distribuídos em todos os bairros.
Laboratório de entomologia
Recentemente, a Vigilância Epidemiológica inaugurou o seu próprio laboratório de entomologia, local onde é feita a análise das larvas encontradas nas residências e armadilhas em Brusque.
Antes, toda a análise das larvas era realizada em Blumenau, por este motivo, o órgão demorava um certo tempo para poder atualizar o número de focos na cidade. Agora, as análises são feitas no mesmo dia e a vigilância consegue manter a listagem atualizada em tempo real.