Mais um entardecer. Seria o último, talvez? Onde está teu pensamento? Quem sabe na escassez da água…Já faz tempo que voltamos a escovar os dentes utilizando apenas o equivalente a um copo d’água. Afinal, água potável é um artigo de luxo, custa caro, e sem ela nada vive. O reuso da água passou a ser uma coisa comum e a água coletada da chuva já é integralmente aproveitada faz anos.
Alguém se lembra da época em que a energia era produzida basicamente por hidrelétricas? É…faz tempo. Depois que vivemos a crise hídrica, em que quase morremos de sede, resolvemos agir. Aprendemos a lição (embora muito tarde) e começamos a gerar energia renovável aproveitando a fartura de sol e de vento que o Brasil tem em abundância. Energia elétrica gerada pela força da água é parte do passado. Não temos mais água para isso.
Havia um tempo em que chovia bastante, as nascentes de água pura brotavam aos montes no meio de nossas matas. Mas a mata se acabou…e, de carona, as fontes secaram. Chegamos a sentir saudades do tempo em que tínhamos enchentes assolando a região dos diversos “Vales do Itajaí”. A chuva era abundante, e inúmeras vezes os rios transbordaram, inundando ruas, cidades inteiras, como aconteceu naquele setembro. Era difícil, pois as enchentes traziam prejuízos.Então o homem aprendeu a lidar com os fatores climáticos, foram construídos canais extravasores e barragens de contenção. E quando ficamos um pouco mais conscientes, passamos a utilizar as barragens não apenas para contenção das águas, mas também para gerar energia elétrica e para fornecer água potável à população. Porém despertamos tardiamente para isso e quando esse tipo de construção se popularizou, já era tarde demais.
A geração de energia por meio de hidrelétricas faz parte do passado, mas é possível visualizar como isso acontecia assistindo a filmes antigos. Como podíamos fazer isso com a Natureza? Acreditávamos que os recursos naturais durariam para sempre, sem que fosse cobrado o justo tributo? Assistindo a esses mesmos filmes, é possível visualizar o sol radiante que iluminava a mata verde que inspirou a bandeira do Brasil e a letra da canção do tempo da ditadura: “Eu Te Amo, Meu Brasil” (…) eu te amo! Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil (…) Ninguém segura a juventude do Brasil Pois é…Ninguém segurou mesmo. A juventude virou adulto e idoso. Foram gerações inteiras que só fizeram desmatar, destruir e consumir desenfreadamente…
Ai chegou um tempo em que surgiram inúmeras tecnologias. É possível que alguém ainda lembre de um tal de celular, que no início servia para uma pessoa se comunicar com outra por telefone. Então começaram a colocar cada vez mais funcionalidades nos tais aparelhinhos com os quais se podia fazer quase tudo, e o que menos se usava era para “falar” com outra pessoa. Ahhh, mas falar para quê?
Realmente, o tempo passou. As famílias já não conversam mais…Opa, eu disse família? Alguém ainda lembra o que é isso? Sim, pois aquele modelo de família em que as pessoas se respeitavam, se ajudavam, se abraçavam, que comemorava em conjunto as conquistas e chorava as tristezas e o luto, que sentava junto para comer e colocar a conversa em dia – esse tipo de família acabou faz tempo.
E, apenas para esclarecer ao leitor, que fique claro: a tecnologia, por si só, não é boa ou ruim. Depende do uso que fazemos dela. É como uma faca: se a usarmos para preparar alimentos, ela será uma ferramenta útil. Mas podemos usar essa mesma faca para ferir ou matar. A culpa é da faca? Não, ela é apenas uma ferramenta na mão de alguém. E esse alguém tanto pode usar a ferramenta para o bem ou para o mal. Assim também é com a tecnologia. Mas, voltando ao agora, onde está teu pensamento? Acorda! Ainda dá tempo, embora o agosto já esteja dando o seu adeus.