X
X

Buscar

O assédio que as ciclistas sofrem em Brusque

Pedalar pela cidade de Brusque não tem sido tarefa fácil. Aliás, acho que nunca foi, mas agora, graças as mídias sociais, nós temos protagonismo e plataformas para falar a respeito. E eu não estou falando dos motoristas desavisados que não respeitam os ciclistas, a ciclo faixa, a distância segura entre nosso corpo, nossa magrela e o seu veículo automotor. Mas sim do assédio sofrido por nós, mulheres, sempre que resolvemos sair pedalando por aí, de como muitos homens (o número é bem grande mesmo, acredite se quiser) em pleno 2018 não podem ver uma mulher pedalando que não seguram sua testosterona e precisam externar o quanto acham aquela mulher gostosa, deliciosa entre outros adjetivos “doces e gentis” que prefiro não citar aqui.

Isso sem falar nas buzinadas. Como gostam de buzinar, é incrível! Deve existir uma força sobrenatural que faz com que buzinar seja um ato obrigatório ao ver uma mulher pedalando. Mas, ironias a parte, a reflexão que eu quero trazer é do quão invasivos esses atos são para nós, mulheres. Nós não somos um pedaço de carne e não te demos essa abertura para falarem o que quiserem, baseados em uma imagem que vocês criaram nas suas cabeças.

A bicicleta nada mais é que um meio de transporte e nada tem de sensual ou provocador nisso. Para nós, mulheres, não é um elogio, é um medo constante em não saber se aquele cara que na calçada fez um fiu fiu pra você, não vai te agarrar na próxima esquina e você muito provavelmente não vai ter força física para se defender, já que somos de modo geral fisicamente mais frágeis. Vocês sabem até onde o fiu fiu proferido vai, muitas vezes só na provocação mesmo, mas a gente, não. E isso faz com que estejamos em desvantagem nessa brincadeira.

As estatísticas não mentem e o número de feminicídios só aumenta – de estupros também. Uma pesquisa feita pelo Think Olga e jornalista Karin Hueck, sobre cantadas recebidas nas ruas, com quase 8000 mulheres, mostrou que 98% delas já haviam sofrido assédio, 83% não achavam legal, 90% já trocaram de roupa antes de sair de casa pensando onde iam por causa de assédio e 81% já haviam deixado de fazer algo  (ir a algum lugar, passar na frente de uma obra, sair a pé) por esse motivo. São números bem alarmantes para mim. Inclusive, vale a pesquisa no projeto Chega da Fiu Fiu também do Think Olga.

Vou deixar só um print aqui de um relato encontrado no site do projeto sobre a Beira Rio em Brusque. O resto da pesquisa deixo de trabalho de casa para você.

Vale lembrar que TUDO QUE VEM APÓS O “NÃO” É ASSÉDIO. É quando você pega a menina pelo braço na balada, é quando você a beija a força, é quando você toca no corpo dela sem consentimento. Para gente não é um elogio, é uma ameaça à nossa segurança, à nossa vida. Para entender os limites a equação é bem simples: se não é consensual não é legal.

 
Morgana Moresco – empreendedora e reflexiva