O brusquense que guarda a história do esporte mundial em uma sala no Guarani
Jorge Bianchini coleciona diversos itens esportivos em espaço dentro de casa
O ‘Pavilhão 9’, nome carinhoso que Jorge Bianchini deu ao local onde estão expostos diversos artigos, é uma reserva da história do esporte mundial em Brusque. Com muito zelo, capricho e dedicação, ele guarda em sua casa, no bairro Guarani, selos, álbuns completos, camisas de times e artigos tão raros que só com muita procura foi possível encontrar.
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O que chama a atenção é o estado impecável de cada um dos itens, alguns deles com pelo menos uma centena de anos, como a coleção completa de selos da primeira Olimpíada da Era Moderna, de 1896. Uma camisa da França da Copa do Mundo de 1998 também está pendurada na arara como se fosse nova. “O segredo é manter nos plásticos”, explica Jorge. Para manter o excelente estado de conservação, ele também conta com o apoio dos familiares, que não apenas incentivam o hábito, mas também adoram o Pavilhão.
É também com a ajuda de amigos que conhecem esse hábito de preservar a história de Bianchini que o local foi tomando forma. Além das ‘garimpadas’ do próprio dono do espaço, muitos conhecidos que viajam para o exterior trazem camisas, entradas de competições como a Copa do Mundo e cachecóis de clubes diversos, desde times locais até mesmo o Panathinaikos, da Grécia.
Copa do Mundo e Jogos Olímpicos são os grandes xodós de Jorge, mas há espaço também para réplicas fidedignas de veículos. Uma estante repleta de prateleiras toma conta de uma das paredes do pavilhão com dezenas de carrinhos da histórica coleção Burago, todas ainda dentro das caixas, e algumas de modelos antigos que chamam a atenção pelo charme. Tanto apreço pelo esporte o fez parar em uma edição do antigo programa Loucos por Futebol, da ESPN.
Mas os itens esportivos não param por aí. Jorge conta ainda com álbuns completos do Campeonato Brasileiro, da Copa do Mundo, revistas Placar digitalizadas desde a primeira edição e também itens dos clubes locais, como Brusque e Carlos Renaux.
Jorge ajuda a contar a história do bairro e do clube Guarani com seu livro, Guarani 80 anos de Sonhos e Conquistas, assinado junto ao ex-prefeito Danilo Moritz. Como todo bom colecionador, com habilidade em encontrar raridades, ele teve papel fundamental no resgate das lembranças do clube octogenário, da equipe de futebol e de toda a comunidade.
Início da paixão
Foi ao completar o álbum de figurinhas do Campeonato Catarinense de 1962, que contava com Carlos Renaux e Paysandú que Jorge teve em si a paixão por coleções despertada. “Eu tinha 12 anos. É um álbum com muitos times antigos, muitos nem existem mais. Dali surgiu o interesse que foi indo para frente. Depois comecei com o álbum do primeiro Campeonato Brasileiro oficial, de 1971, os álbuns da Copa do Mundo, e assim o gosto por colecionar foi se desenvolvendo”.
Logo ele começou na filatelia, que é o estudo e colecionismo de selos postais e materiais relacionados. Passou, portanto, a participar do Clube Filatélico de Brusque, que tem mais de 80 anos, ajudando a incentivar a prática. “Buscamos fazer um trabalho nas escolas, para que isso não se perca, mostrando para as crianças a riqueza da filatelia”.
Ele também tem correspondentes na Europa, como na Itália, em Portugal e na Polônia, trocando selos com eles. É por meio dos selos que ele conseguiu produzir materiais que vão contando a história, ano por ano, de Jogos Olímpicos e Copa do Mundo.
Na coleção de Jorge estão selos importantes como o da primeira edição das Olimpíadas, organizada pelo Barão de Coubertin, e também o de 1936, realizada na Alemanha nazista, na qual o atleta negro norte-americano Jesse Owens conquistou quatro medalhas de ouro diante do ditador Adolf Hitler. “Não é apenas colecionar, é também preservar a história, adquirir cultura por meio destes objetos”.
Outra fixação desde a infância foi com o futebol de botão, e a mesa para a prática fica bem ao centro da sala. Em um armário está um conjunto de times de botão, com os principais clubes do futebol nacional e até mesmo o Brusque, alguns deles confeccionados pelo próprio colecionador.
Com o passar dos anos, Jorge pôde observar a evolução também dos colecionadores, sendo que ficou satisfeito, principalmente, com os encontros de trocas de figurinhas desta edição do álbum da Copa. “Neste ano a gente viu bastante criança, meninas, famílias, muita gente envolvida. O gosto pela coleção está crescendo”.
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Perdas com a enchente
Em 1984, Jorge foi mais um dos brusquenses a sofrer com a grande enchente que assolou o município, ainda mais por ser o Guarani um dos bairros mais afetados em todas as ocasiões de cheias. Além dos pertences da casa, ele teve perdas em sua coleção: toda a coleção da Placar, desde a primeira – em abril de 1970 – até as edições de 84 foram perdidas.
O resgate foi obtido por meio digital. Ele conseguiu imprimir as edições que não tinha e, a partir da enchente, nunca mais perdeu uma edição. “Até tentei adquirir as antigas, mas têm alguns preços muito elevados. A primeira, que tem o Pelé na capa, é vendida hoje por cerca de R$ 500”. A internet, por sinal, se tornou uma grande aliada de Jorge, que aos 68 anos não deixa de conferir os principais sites de troca e venda.