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O caso do produto empoderado

(baseado no texto “How Empowerment’ Became Something for Women to Buy”, de Jia Tolentino)

  É quase impossível passar por um dia inteiro sem receber um fluxo de produtos e atividades empoderadas. Academia, leggings, nudes, lingerie. O conjunto de possibilidades para uma mulher comprar e aumentar seu poder é quase sem limites – e absolutamente limitado. Empoderamento não foi sempre uma palavra trivial e corporativa, nem tão exclusiva às mulheres.

 Conscientização, o conceito cunhado por Paulo Freire, é precursor de empoderar: é o processo onde o oprimido percebe a condição estrutural de sua opressão e é posteriormente capaz de tomar medidas contra seus opressores. Barbara Bryant Solomon, oito anos depois, deu a essa noção um novo nome: empoderamento. Concebido como um ethos para os trabalhadores sociais em comunidades marginalizadas, para desencorajar o paternalismo e encorajá-los a resolver problemas nos seus termos.

 Agora temos o empoderamento feminino, extremamente comercial.  Nem prática, nem praxis, nem teoria, mas um produto. É sobre prazer, não poder. É individualista, adaptado as nossas inseguranças e desejo. O novo empoderamento não aumenta potencial, apenas garante que o seu potencial é suficiente.

Muito do que nos é vendido como liberdade é só mais uma forma de opressão.

Liberdade e empoderamento são comportamentos e não envolvem lucro ou produção corporativa.

 

Sabrina Gevaerd – artista