O choro comunica…
Pode ser de felicidade, tristeza, raiva, dor, insegurança, saudade, amor…
Quando o adulto chora… geralmente consegue falar sobre, identificar sentimentos, frustrações, medos, inseguranças, alegrias e/ou tristezas… muitas vezes só a presença basta, o acolhimento, o olhar amigo, aquele abraço para sentir que está sendo ouvido, está sendo acalentado.
E quando a criança chora? Por que? Para que?
Desde o nascimento o choro é sinal da vida, da largada para o grande mundo. O choro é fundamental para expandir os pulmões e fazer respirar o novo mundo para cada novo ser que nasce. É sinal de saúde, de força, de gritar para o mundo: Cheguei!!
E segue o seu desenvolvimento com outras expressões, mas o bebê se comunica muito através do choro. Já desde os primeiros dias, meses de vida o choro indica alguma necessidade (fome, sede, dor, algum desconforto térmico ou até a necessidade um carinho, um colinho).
E vai crescendo, mesmo quando já criança que sabe falar claramente, se expressa através do choro quando quer comunicar algo que nem sempre consegue identificar o que está fazendo-a chorar. É um sinal, precisa de atenção. Neste momento, vale o acolhimento do adulto, vale perguntar, olhar no olho, confortar, principalmente tentar entender e acolher.
E o choro pode ser manha? Sim pode. E se for? O que significa uma manha?!
Geralmente acontece quando algum desejo da criança é interrompido por um “não pode levar” da mãe ou “deixa aí que esse é do amiguinho” ou uma das inúmeras vezes que o adulto responsável pela criança precisa dar limite e o não frustra, mas também é necessário, um aprendizado.
Nesse momento de frustração que na lógica da criança, se pergunta: por que não posso? É que o adulto precisa estar centrado com paciência para explicar e se aproximar da criança- olho no olho- para se fazer entender. Quando o adulto passa a lógica do porque não para criança, com certeza terá mais sucesso no entendimento da sua comunicação e terá a parceria da criança, como resultado, as manhas tendem a diminuir e desaparecer.
Mas, se do contrário, o adulto insiste e “não porque não” e bate de frente, ou “para de chorar agora”, o adulto ignora uma necessidade da criança de se expressar e isso vai sendo guardado desde a infância, sem entender e ao mesmo tempo, já aprendendo a ignorar seus sentimentos ou pior a não se expressar. Deste modo, por um tempo a manha tende a aumentar, o choro pode se transformar num grande evento.
Essa criança cresce e se faz o adulto. Nesse tempo da criança ao adulto, quanto mais episódios e cenas reprimidas, ignoradas, vai colecionando na sua memória, mais difícil vai ficando lidar com suas emoções nos diferentes contextos da vida. É como se fosse ocupando o espaço da mente com cenas não resolvidas, com sentimentos aprisionados.
Uma metáfora para ilustrar seria um armário cheio de roupas que não servem mais ou porque ficaram pequenas, justas ou largas demais no meio de outras que ainda servem. Mas esse armário está tão cheio que não tem espaço para roupas novas ou as que servem às vezes nem são vistas, a não ser que o armário seja arrumado. Tem jeito, como?
Sim, tirar todas as roupas, escolher uma a uma o que serve e o que não serve, arrumar novamente. Certamente vai sobrar muito espaço e o que serve ficará acessível. É assim com a nossa mente, se ocuparmos com o que não serve mais- cenas não resolvidas – fica tão cheia que não sobra espaço para novas aprendizagens, para fazer diferente, para achar o equilíbrio, a paciência e a tal FELICIDADE!!
Sabrina M. Schlindwein – Psicóloga