O cinema e seus rituais
Pode reparar: primeiro, cada adição ao elenco é anunciada em destaque, um por vez, em conta-gotas. Depois, aparece uma primeira imagem das filmagens. E um primeiro cartaz. Com sorte, não demora muito para aparecer um teaser – porque trailer, mesmo, demora mais. No final, todo mundo fica dando pulinhos até o dia da estreia. Não dá para chamar de maldade, mas é um ritual em que estúdios, marketing, portais de notícias e público se envolvem com, para usar uma palavra meio esquecida, sofreguidão.
Na agenda marqueteira da semana passada, o que se viu foram trailers e mais trailers apetitosos.
Começando pelo mais “cabeça”, o de Era Uma Vez em Hollywood, o novo (e nono) filme de Quentin Tarantino, estrelado por Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie. Com direito a um inacreditável Bruce Lee, interpretado por Mike Moh. A impressão deixada pelo trailer não podia ser melhor. O clima da Hollywood do final dos anos 60, redesenhado pelo diretor, não vai decepcionar ninguém. Que julho chegue logo!
Mas antes, a gente tem aquele lado eternamente criança para alimentar – de preferência, com fofuras que prometem uma dose de lágrimas, como a amadíssima franquia Toy Story. O trailer apresenta um novo personagem cheio de potencial. Se você ainda não viu, passou da hora!
E já que aí abaixo a gente fala em memória emocional, também tem trailer novinho de uma lembrança de uma geração, obviamente, muito posterior à minha. Ou… quantos anos você tinha quando assistia à Dora, a Aventureira? O filme é live-action e mostra a menina um pouco mais velha do que na animação. Sim, teremos uma Dora teen.
Não são só os filmes que passam por esse ritual todo de divulgação, como o trailer da terceira temporada de Stranger Things comprova. Aliás, aqui temos mais um caso de personagens que “envelhecem”: o elenco da série da Netflix, decididamente, não é mais criança.
O ritmo do trailer pode até ser enganoso – tem gente muito, mas muito profissional mesmo, editando as amostras que nos são oferecidas – mas a impressão que fica é que teremos mais foco na adolescência da turma do que no mundo invertido. Sem perder sua carga de sustos, evidentemente.
Se a gente parar para pensar… nem foi uma semana atípica. A indústria está a toda velocidade.