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O comércio na Colônia

Após um pequeno intervalo nas colunas com conteúdo histórico, voltamos a abordar temas relacionados aos primórdios da colonização em Santa Catarina, hoje com o tema “comércio”. Na área colonial, o comércio constituíram-se em monopólio de um pequeno grupo de pessoas estabelecidas na sede da vila – a “Stadtplatz”: os vendeiros – isto é, os proprietários de […]

Após um pequeno intervalo nas colunas com conteúdo histórico, voltamos a abordar temas relacionados aos primórdios da colonização em Santa Catarina, hoje com o tema “comércio”. Na área colonial, o comércio constituíram-se em monopólio de um pequeno grupo de pessoas estabelecidas na sede da vila – a “Stadtplatz”: os vendeiros – isto é, os proprietários de casas comerciais, as “vendas’, onde os colonos vendiam ou trocavam sua mercadoria por produtos das cidades.

O comércio nos primeiros anos da Colônia Brusque
O sistema de vendas estava ligado ao tipo de povoamento da área colonial. Inicialmente, as vendas se instalavam junto à administração da colônia e ao ancoradouro. No terceiro ano após a fundação da Colônia Brusque, já se contavam quatro casas comerciais na colônia. Duas pertenciam a imigrantes alemães que haviam entrado na área como colonos: a Hospedaria e Negócio de Philippe Krieger e a Loja de P. Heil. Uma terceira venda, que não funcionou muito tempo, pertencia a um brasileiro: J.P. Liberato de Itajaí. Giralda Seyferth informa que, conforme relatório do Barão von Schneeburg, de 1862, a última das quatro casas comerciais era a filial da firma La Roche & Cia que também não durou muito tempo. Alguns anos depois, as vendas mais importantes da vila achavam-se nas mãos de imigrantes alemães.

As vendas principais – “Kaufläden”
Os colonos se dirigiam à vila para participar das festas e atividades religiosas, para tratar de problemas legais, etc. Mas, principalmente, para trocar ou vender a produção excedente das suas colônias, pois lá se realizavam as maiores transações comerciais. O colono, portanto, produzia para o consumo da sua família e também para a venda e, por isto, estava sujeito ao controle exercido através dos vendeiros. A venda era o local onde as transações comerciais se realizavam: as trocas aconteciam entre uma pessoa que detinha nas mãos os mecanismos que regulam as transações (o vendeiro) e os proprietários dos lotes coloniais : o colono deixava na venda uma parte da produção agrícola e levava sal, toucinho, ferramentas, óleo, tecidos e armas. E, assim, as transações comerciais na colônia desde a sua fundação até a primeira década do século XX foram controladas pelos principais vendeiros de Brusque.

Os pequenos vendeiros do interior da colônia – “Hinterland”
As vendas pequenas, de importância secundária, se localizavam nos entroncamentos de picadas e tinham características de entreposto de trocas, pois na prática estes vendeiros – que também eram colonos e tinham como atividade suplementar, na sua residência, uma pequena venda – eram intermediários dos vendeiros da “Stadtplatz”. Nela se encontravam alguns produtos de primeira necessidade (alimentos e pequenas ferramentas). O nível de transação comercial nessas vendas era muito baixo e os estoques bastante reduzidos.

O intermediário – ou pombeiro
Giralda Seyferth (1974) menciona ainda um terceiro elemento: um intermediário – chamado “pombeiro” – que fazia circular mercadorias entre colonos e vendeiros. Muitos colonos, instalados em linhas coloniais distantes da vila – como Sternthal, Holstein e Hochebene (Guabiruba) – tinham dificuldades para levar seus produtos até as vendas. O pombeiro quase sempre era um colono que, em determinados dias do mês, recolhia com sua carroça as mercadorias que seus vizinhos podiam dispor para venda. Essas mercadorias eram trocadas ou vendidas na “Stadtplatz” aos vendeiros ou de casa em casa para os fregueses e, assim como os donos das “Kaufläden” ou das “Hinterland”, o “pombeiro” ficava com os possíveis lucros dessas transações. ​