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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

O fim da picada

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O fim da picada

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No dicionário Houaiss e no Aurélio, a expressão “o fim da picada” significa “ser o fim”. O Aurélio ainda amplia a locução com algo que tem sentido difuso, algo desagradável, imprudente, penoso, absurdo. O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa traz uma tradução ainda melhor, como “ser o limite extremo do que se considera admissível ou tolerável”.

Na quarta-feira o jornal O Município publicou na capa a matéria “Sem Mais Obras”, falando que o atual governo do estado não tem previsão para realizar o trevo da Antônio Heil com a BR-101. Esta matéria se enquadra perfeitamente no conceito de fim da picada.

Tão antigo quanto a expressão é o desejo de um acesso digno de Brusque à rodovia federal. Sempre esteve em nossa pauta de reivindicações a busca de melhorias nesta rodovia que esta umbilicalmente ligada ao nosso desenvolvimento. 

Depois de décadas de espera a duplicação da Antônio Heil foi incluída no programa Pacto por Santa Catarina, lançado em 2013, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A partir daí começou a saga para a realização da obra. 

Desde a sua concepção, a joia da coroa do projeto seria o “trevo completo”, um dos únicos do Brasil que permitiria o acesso e saída à BR sem necessidade de filas. 

Em junho de 2018 foi anunciada a ordem de serviço para a realização do projeto do trevo, pacificando assim os conflitos com Agencia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e com a Arteris em relação a desapropriações e responsabilidades. O secretário de Estado da Infraestrutura e presidente do Departamento estadual de Infraestrutura (Deinfra) na época, Paulo França, afirmou que os tramites para continuidade da obra haviam sido superados e não haveria mais entraves. 

A comemoração durou pouco e um ano depois, em junho de 2019 o governo voltou atrás e anunciou a desistência de fazer os anéis viários contemplados no projeto. O secretário de Estado de Infraestrutura na ocasião, Carlos Hassler afirmou que faria uma “obra paliativa” para aliviar os congestionamentos. 

Nesta cronologia passamos de um projeto de “trevo completo” para uma “obra paliativa” que seria uma espécie de gambiarra, a agora, nada.

A negativa do governo é o ponto final na esperança dos catarinenses em ver sua obra prima se transformar em mais uma obra inacabada

É inacreditável a incapacidade de nosso governo em realizar obras de interesse dos catarinenses. Mesmo com um projeto pronto e recursos garantidos e os conflitos de jurisdições pacificados não conseguem finalizar a obra.

A única contrapartida que o governo do estado tinha era as desapropriações, que estavam orçadas em 30 milhões. Segundo um estudo feito pela prefeitura de Itajaí o prejuízo anual com o atual trevo é de R$ 18 milhões. Nesta conta, em menos de dois anos o valor estaria pago além de potencializar a economia, dar segurança aos veículos e fluidez ao trânsito.

O governador vem anunciando aos quatro ventos que tirou Santa Catarina de um déficit de R$ 1,2 bilhão para um superávit de R$ 161 milhões. Mas de nada adianta ter o recurso no cofre e não realizar as obras necessárias. Pior que isso, aplicar errado o recurso, como fez nos casos dos respiradores, cujo valor era até maior. 

Como está, a duplicação da Antônio Heil vai funcionar com uma espécie de funil, conduzindo um grande fluxo de veículos a um estrangulamento. Esperamos tanto tempo, andamos um longo caminho e chegamos agora no fim da picada, e ela fica precisamente no trevo. 

A negativa do governo é o ponto final na esperança dos catarinenses em ver sua obra prima se transformar em mais uma obra inacabada, em mais uma expectativa frustrada, ao menos enquanto durar este governo.

 

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