O homem além do trabalho: conheça a rotina de Walter Orthmann fora da RenauxView

Brusquense centenário faz uma hora de alongamento todos os dias e tem uma alimentação bastante saudável

O homem além do trabalho: conheça a rotina de Walter Orthmann fora da RenauxView

Brusquense centenário faz uma hora de alongamento todos os dias e tem uma alimentação bastante saudável

Que o trabalho é parte importante na vida centenária de seu Walter Orthmann e, inclusive, um dos segredos de sua longevidade, todos sabem. Mas além disso, o recordista mundial leva uma vida com hábitos bastante saudáveis que, com certeza, têm contribuído e, muito, para a chegada dos 100 anos com tanta vitalidade e independência.

Seu Walter tem uma vida bastante regrada. Às 6 horas da manhã desperta para auxiliar a esposa, Lúcia Helena Valle Orthmann, com os remédios.

Em seguida, inicia sua rotina de exercícios. Durante uma hora, todos os dias, incluindo sábados, domingos e feriados, faz uma sequência de alongamento que, segundo ele, resolveu suas dores no nervo ciático e também suas crises de labirintite.

“Por causa do exercício, nunca mais sofri com isso. Faço o alongamento todos os dias, das 6h às 7h, na cama mesmo, deitado”, diz.

Walter Orthmann faz uma hora de alongamento todos os dias | Foto: Divulgação

Ele descreve, orgulhoso, a rotina de exercícios: “deitado, pego uma fralda e puxo meu pé. Estico 100 vezes até em cima. Depois 40 vezes de um lado, 40 vezes do outro lado. Faço massagem e respiro bem fundo e forte”.

Após o alongamento, ele toma seu café da manhã. A alimentação, de acordo com ele, é um fator fundamental para sua saúde e que leva sempre muito a sério.

A rotina da manhã inclui iogurte com mamão e oito gotas de própolis. Depois, dois pãezinhos sem glúten com mussarela e chá de camomila.

Não tomo coca-cola, é um veneno. Não como nada frito

Após o café, seu Walter se arruma, pega o carro e vai para o trabalho. Pouco antes das 11h30, volta para a casa, no Jardim Maluche, para almoçar. No almoço, muitos legumes e verduras. Nada de fritura. Nada de refrigerante. “Não tomo coca-cola, é um veneno. Não como nada frito. Gosto de verduras e legumes e de macarrão. Adoro macarrão e aipim”, conta.

À noite, após o trabalho, toma banho, e em seguida, faz sua oração. “Gosto de rezar, tenho a bíblia para ler. A religião é muito importante. Admiro todas que acreditam em Deus, em Jesus”.

Recordista mundial tem hábitos bastante saudáveis | Foto: Divulgação

No jantar, geralmente come uma sopinha com muitos legumes e verduras. No inverno, seu Walter conta que gosta de tomar meio cálice de vinho tinto junto com a refeição. “Cerveja eu tomo às vezes, um copinho pequeno, nada mais, sempre junto com a refeição”.

Aos fins de semana, seu Walter aproveita para descansar. De acordo com ele, é difícil sair de casa. Gosta mesmo de assistir televisão, principalmente futebol. “Eu não tenho um time, gosto de torcer sempre para o mais fraco. Mas quando o Brusque joga, eu quero que ganhe porque é daqui”.

Eu não tenho um time, gosto de torcer sempre para o mais fraco. Mas quando o Brusque joga, eu quero que ganhe porque é daqui

Seu Walter sempre gostou de esportes. Quando jovem, foi um dos primeiros jogadores de vôlei de Brusque. Também jogou basquete, handebol e bolão. “Fui técnico de vôlei e de bolão por muitos anos. Participei dos Jogos Abertos. Fomos campeões duas vezes de bolão”, lembra.

Seu Walter e a família

Seu Walter construiu uma grande família. Teve cinco filhos de seu primeiro casamento com Alice Koschnik Orthmann: Sueli, Rosemari, Marli, Valmir e Valter Roberto.

Alice faleceu em maio de 1977, aos 53 anos, por problemas relacionados à pressão alta. Em junho daquele ano, ela e Walter completariam 31 anos de casamento. Semanas antes do falecimento, o casal esteve em viagem a Bariloche, na Argentina, justamente para comemorar a data de forma antecipada.

Registro do primeiro casamento de Walter com Alice Koschnik, em 1946 | Foto: Arquivo pessoal

A perda repentina de Alice foi um baque para a família, mas foi preciso seguir em frente. Viúvo há algum tempo, seu Walter iniciou um relacionamento com Lúcia Helena Valle. Os dois já se conheciam do tempo em que ela trabalhava na Lojas Renaux. Ela foi para São Paulo cursar Faculdade de Educação Artística e em uma das muitas viagens de seu Walter a trabalho, os dois se reencontraram e ficaram próximos.

Depois de um tempo de namoro, seu Walter pediu a jovem em casamento. Quando os dois se casaram, em janeiro de 1980, ele tinha 58 anos e Lúcia, 27 anos. Naquela época, a diferença de idade do casal foi muito comentada na cidade, mas Walter e Lúcia não se importaram com os comentários maldosos e seguiram suas vidas. O casal teve três filhos: Tatiana, Sabrina e Marcelo, e está junto há 42 anos.

“Naquela época, isso era quase impossível, mas deu certo. Hoje ela tem 69 anos e eu faço 100. O povo falava muito. Onde já se viu um senhor de 58 anos casar com uma menina de 27?”.

Walter é casado com Lucia há 42 anos | Foto: Arquivo pessoal

Seu Walter lembra de quando a família saia almoçar aos domingos e as pessoas achavam que Sabrina era sua neta. “Uma vez chegaram para mim e falaram: que linda sua neta. E eu respondi: não é minha neta, é minha filha”.

De seus oito filhos, três são falecidos. Tatiana, primeira filha do casamento com Lúcia, nasceu prematura e morreu alguns dias após o nascimento.

Valter Roberto, o caçula de seu primeiro casamento, morreu em 2009, vítima de homicídio, em Araquari. No ano passado, seu Walter e dona Lúcia perderam Marcelo, aos 28 anos, vítima da Covid-19.

Lembranças 

O brusquense tem uma memória boa. Lembra de vários momentos como se tivessem acontecido há poucos anos. Da infância, recorda com carinho da vida simples que levava junto aos pais e aos irmãos. Na roça, ajudava o pai a capinar, e a plantar aipim e abacaxi.

Acompanhou todas as mudanças de Brusque e lembra com saudade do Palacete Renaux, onde hoje é a praça Barão de Schneeburg, e também da estátua Joana que por muitos anos esteve fixada em frente ao palacete e, posteriormente, levada próximo de onde hoje está a ponte estaiada. Atualmente, a estátua está na Casa de Brusque.

Passagem do dirigível Hindenburg em Brusque é uma das lembranças de Walter | Foto: Arquivo Sociedade Amigos de Brusque

Outra grande lembrança que tem é da passagem do dirigível Hindenburg por Brusque. Seu Walter tinha 14 anos quando o dirigível sobrevoou a cidade, em 1º de dezembro de 1936.

“Eu era pequeno. Lembro como se fosse hoje. Veio bem baixinho, não tinha barulho, nada. Todo mundo saiu de casa para olhar o dirigível passando”.

Quantas histórias e quantas memórias cabem em 100 anos de vida? Seu Walter guarda cada uma com muito carinho e disposição.

Além de se manter ocupado com o trabalho, o segredo para uma vida longa, segundo ele, é simples: “primeiro é preciso ter saúde, e para ter saúde, tem que se cuidar e respeitar as pessoas. Não tenho inimigos, nada melhor do que viver em paz com todos. Isso faz a gente viver bem”.

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