O legado de Maria Luiza (Bia) Renaux
Maria Luiza Renaux, mais conhecida como “Bia Renaux” era reservada e formal. Apaixonada por psicanálise, mantinha seu dia-a-dia entre os cuidados da Vila Renaux, mansão onde vivia no alto de uma elevação junto ao complexo empresarial fundado por seu bisavô, em Brusque. Mesmo carregando no sobrenome o peso da tradição, era uma mulher que não costumava participar da chamada “vida social”, e o tempo que lhe sobrava ela dedicava à leitura e ao cinema. Bia desviveu aos 70 anos, deixando uma grande pergunta: como ficará o legado da “Vila Renaux”?
Quem foi Bia Renaux
Bia era aristocrática, de gestos e modos formais, que se tornavam ainda mais singulares pelo seu forte sotaque alemão, que lhe dava um toque de estrangeira, recém-chegada. Bisneta do Cônsul Carlos Renaux, filha de Roland e de Carmen e nasceu dia 30/09/1946. Divorciada, foi casada com Klaus Hering e foi mãe de Ana Carolina, Victor e Catharine, e avó. Depois de lutar pela vida, morreu no dia 5 de janeiro p.p., no Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí. Foi velada a partir das 09h00 do dia 7. Como seus filhos estavam no exterior, o sepultamento aconteceu no dia 8, próximo do meio-dia, no cemitério Luterano de Brusque.
Formação acadêmica:
Bia concluiu o Ensino Médio no Colégio São Luiz Brusque; cursou Bacharelado em História na Universidade de São Paulo – USP; Licenciatura em Estudos Sociais na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, e fez Doutorado em História Social pela USP, tendo defendido a tese de doutorado denominada “Colonização e Indústria no Vale do Itajaí O Modelo Catarinense de Desenvolvimento”.
Atividades profissionais:
Culta e reservada, Bia era dona de uma personalidade cativante, que a fazia respeitada por alunos e colegas de profissão. Atuava principalmente nos seguintes temas: história, desenvolvimento e identidade regional; industrialização, imigração e colonização ítalo-germânica no Sul do Brasil. Foi professora no Colégio Cônsul Carlos Renaux em Brusque; professora do Departamento de História e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Sociais da Universidade Regional de Blumenau – FURB. Bia dizia que a história lhe fascinava por herança familiar e era considerada, por alguns, como uma filósofa dos tempos modernos.
A Historiadora e suas obras
Descendente direta de uma tradicional família do Vale do Itajaí Mirim, dedicou grande parte de seu tempo ao estudo e documentação da história. Publicou, dentre outras, as seguintes obras: “Colonização e Indústria no Vale do Itajaí O Modelo Catarinense de Desenvolvimento” e “O Outro Lado da História O Papel da Mulher no Vale do Itajaí 1850 1950″. Em parceria com Luiz Felipe de Alencastro, Bia assinou o capítulo “Caras e modos dos migrantes e imigrantes” publicado no volume 2 do projeto editorial sobre História da Vida Privada no Brasil que, em 1998, recebeu o Prêmio Jabuti – o mais importante prêmio literário do Brasil.
O legado
Para Bia, a história tem alma e ela era uma entusiasta pela preservação da história de Brusque. Tinha verdadeira paixão pelo casarão “Vila Renaux” e mantinha o local – que sonhava abrir para visitação pública – altamente conservado. A dedicação dela pela mansão – e pela história que ele simboliza – incutiu no povo brusquense um interesse coletivo pela preservação da “Vila Renaux”.
Bia dizia: “Nas entrevistas que faço, eu sempre consigo detectar o interesse público (…) da coletividade (…)”. Ela “preparou o terreno” que nos trouxe até aqui.
Agora, a pergunta é:
Será que o interesse público da coletividade que ela detectava em suas pesquisas vai se materializar para que se cumpra o legado de Bia Renaux?