[1960] O papel da mãe e da mulher na sociedade
Num mundo machista, Enah Gevaerd foi forte presença feminina na criação dos filhos
Ouça a matéria completa:
“Naquela época, os homens não tomavam muita parte. Deixavam as mulheres na maternidade e só voltavam pra ver o filho nascido. Hoje eu vejo essa geração de pais jovens que participam, que cuidam dos filhos, acompanham todas as fases. Eu acho isso lindo”, afirma.
Enah teve, entre 1957 e 1968, cinco filhos, mas foi mãe de oito: após o falecimento dos pais, quando ela tinha apenas 22 anos, ela precisou criar os três irmãos mais novos. Por isso, ela, que trabalhava fora, teve que se dedicar a ser uma mulher do lar após o casamento.
Mas, para ela, aquela época era melhor para criar e educar os filhos. “Eles atendiam mais, não desrespeitavam os pais, os professores. E apanhavam, quando precisavam. Depois vinham chorar no colo da mãe, pelo menos os meus eram assim”, conta. “E existia mais amor entre as famílias, entre os irmãos.”
Depois de casar, Enah foi costureira. Costurava muito para a família e para os filhos, e um pouco para fora também. Além disso, acumulava as funções de passadeira, lavadeira, cozinheira: era ela quem cuidava de todas as tarefas da casa, fazia pão, macarrão, bolos e cucas, que aprendeu com a sogra.
“Meus filhos brincavam muito na rua, só vinham para casa para comer e dormir. A gente não se preocupava como se preocupa hoje”. E, como a TV só chegou a Brusque quando o caçula de Enah já tinha uma certa idade, ela viu os filhos crescerem tendo que inventar seus próprios brinquedos e brincadeiras: “Na época, as crianças também não tinham tudo o que queriam, eu vejo que meus netos ganham tudo o que vêem na televisão”, diz.
Porém, ela conta que conseguiu se adaptar às mudanças, e não apenas assisti-las. Em 1983, abriu sua loja de calçados e, em seu negócio, sempre lidou muito com pessoas jovens. Isso permitiu que Enah estivesse sempre em contato com outras gerações e que não ficasse para trás.
“Vejo que muita gente não aceita as mudanças. Certas coisas não eram normais na nossa época. Separação de casais, ou os filhos trazerem namorado ou namorada para dormir em casa. Hoje eu penso que é até melhor que seja como é hoje. Temos que aprender a absorver a vida de uma forma diferente.”
Você está lendo: 1960: Enah Gevaerd
Veja outros conteúdos do especial:
– 1940: Olindina Rudolfo e Francisca Cadore
– 1950: Lysette dos Santos
– 1970: Margarida de Espíndula
– 1980: Elizete da Cas e Jane Vechi
– 1990: Isabel Gonçalves
– 2000: Karla Fischer
– 2010: Ana Paula Bertoldi