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O poder do desconhecido

“[…]O que mais tememos não é o conhecido. O conhecido, por mais terrível ou prejudicial à existência, é algo que podemos compreender. Sempre podemos reagir ao conhecido. Podemos traçar planos contra ele. Podemos aprender suas fraquezas e derrotá-lo. Podemos nos recuperar de seus ataques. […] Mas o desconhecido desliza através de nossos dedos, tão insubstancial quanto o nevoeiro.”Caitlin R. Kiernan, 2014 – A Menina Submersa.

A leitura deste livro, que recomendo, me trouxe muitos insights …principalmente esse trecho que salientei acima. Acredito que o que mais nos desnorteia é não ter o controle das coisas. E ainda pensamos que quando conhecemos algo (se é que isso é possível na sua íntegra), temos o poder sobre este algo. Como somos iludidos!!!

Não controlamos nada, no máximo o controle remoto da TV. Que, aliás, também é um pseudo-controle, já que a programação nos é enfiada “goela abaixo”. E, como na TV, pulando de canal em canal, na vida acreditamos que estamos seguros dentro daquilo que conhecemos. Como se também , na vida, a norma, a regra, a ordem fosse escolha nossa. Sucumbimos a decisões estratégicas, acreditando piamente que fomos nós que optamos por este ou aquele andamento. O que aconteceu no cenário político brasileiro, no domingo passado, foi um triste exemplo dessa ilusão!!!

Mas quero falar do desconhecido!! Quero pensar o desconhecido como uma possibilidade do novo, daquilo que está por trás do pano, por detrás das regras e das imposições. Aquilo que está escondido atrás do tangível, mascarando o que não compreendemos, com boas maneiras, por vezes hipócritas, mas que nos asseguram uma imagem de espelho que está de acordo com uma sociedade do espetáculo, onde o que vale são as aparências e não as verdades. Somos ainda estampas das redes sociais… mas será que um dia vamos nos apoderar do maravilhoso monstro oculto, que não espelhamos, mas que, em casos de emergência, em casos de entrega, aceitação, crença e confiança é o que temos, e talvez, por mais paradoxo que isso seja, esteja aí o melhor de nós?

 

Sílvia Teske – artista