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O preço da propina

Diz uma anedota antiga que um prefeito, pretendendo construir uma ponte, abriu uma licitação. Apareceu um alemão, propondo construir a tal ponte por 3 milhões. Um americano propôs 6 milhões e um brasileiro, 9 milhões. Então o prefeito indagou o brasileiro sobre tão alta cifra, o triplo da primeira proposta. A resposta foi: “são 3 milhões para mim, 3 para você e 3 para o alemão fazer a ponte”!
Quando a Lavajato vai desbaratando esse enorme propinoduto que se tornou o poder público brasileiro, podemos perceber a dimensão do prejuízo que a sociedade leva com o câncer da corrupção. As obras públicas no Brasil custam imensamente mais caro que em países mais civilizados. Elas demoram a ser feitas, os contratos são sempre “aditivados” e o custo final é sempre maior que o orçamento original.
Agora que a Lavajato chegou ao estádio do Corinthians, que tem todo o DNA de grandes corruptos – Lula, Fifa, Odebrecht e derivados – deve começar a aparecer o rombo da Copa, com seus estádios superfaturados e elefantes brancos, como as arenas da Amazônia, de Brasília, de Natal e Cuiabá, regiões que não têm futebol para justificar a existência e os custos de manutenção de tais obras.
Uma investigação séria provavelmente chegará a idêntica corrupção na usina de Belo Monte, nas obras de transposição do Rio São Francisco, além da compra desastrada da refinaria de Pasadena e tantos outros contratos, energizados pelo propinoduto e cuja conta recai sobre toda a sociedade brasileira.
Esse mar de dinheiro sujo, que alimenta campanhas eleitorais milionárias e mentirosas, financia sítios e tríplex, entre outras mordomias, é o dinheiro que falta na saúde pública e nas obras de infraestrutura, de que o país tanto necessita, mas que nunca são feitas na velocidade da demanda.
Nosso sistema viário é uma vergonha. Praticamente não temos ferrovias, nossos custos devidos às falhas de infraestrutura são altíssimos. Mas tudo poderia ser resolvido de modo mais ágil e com muito menos custo, sem esse esquema hediondo de desvio de dinheiro público.
Por outro lado, nunca estivemos tão perto de desbaratar toda essa máfia. E, não á toa, o Ministério Publico Federal e o juiz Sérgio Moro estão sendo tão veementemente combatidos. Advogados pagos a peso de diamante não estão conseguindo libertar seus clientes bilionários e boa parte da população de Brasília deve estar tendo pesadelos com a possibilidade de uma delação completa da Odebrecht.
Mas os interesses da nação estão diretamente ligados à defesa dessa operação, que está tentando passar o país a limpo. Fiquemos atentos a qualquer manobra no sentido de desautorizá-la ou de desmobilizá-la. Os corruptos não podem dar a última palavra.