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“O que fazemos quando somos novos pode refletir depois”, alerta brusquense que teve câncer de pele

Iolanda precisou retirar 14 tumores ao longo da vida

No início dos anos 2000, a brusquense Iolanda Zucco de Souza, de 76 anos, acompanhava a mãe, que tinha câncer de pele, em consultas dermatológicas. Até que um profissional apontou um câncer no rosto dela.

Iolanda teve o carcinoma basocelular, que é o tipo de câncer de pele mais comum, mas o menos agressivo. Trata-se de um tumor de células basais, comuns da pele. Essas células se multiplicam de forma desordenada, dando origem ao tumor.

No tratamento, ela precisou fazer radioterapia. “Ficou uma marca vermelha, até meus dentes doíam. A radioterapia foi feita no rosto e me deixou sequelas, os dentes ficaram moles”, conta.

Iolanda explica que apareceram marcas marrons acinzentadas. Ao longo do tempo, ela passou a observar mais a pele e retirou 14 cânceres no rosto e pescoço. “Os médicos cortam a pele e dão uns pontinhos, depois passamos pomadas para não ter marca”, explica.

A aposentada recorda que a mãe sofreu muitos problemas de pele. Quando era mais jovem, trabalhava na roça e em fábricas da cidade. “Ela tinha mais câncer de pele do que eu. Trabalhava e pegava muito sol”, detalha.

Ela também relembra que o pai teve câncer de pele e faleceu por causa de um câncer de próstata. Já a mãe morreu naturalmente aos 99 anos em 2012. “O médico apontou questões genéticas, porque minha irmã também teve”, aponta.

Cuidar da saúde

Iolanda é viúva, tem dois filhos e um neto. Ela conta que sempre trabalhou muito e se considera uma pessoa muito agitada. A aposentada reflete que, na correria da vida, não deu tanta atenção à saúde.

“A gente esquece de olhar pra gente. Eu não cuidei muito bem de mim e precisamos nos cuidar mais. Se eu tivesse me dado mais atenção durante a vida toda, talvez estivesse melhor do que eu estou. Se tem um sinal diferente no corpo, com cabelinho, ou sinais escuros ou clarinhos, é preciso procurar um dermatologista”, orienta.

Outro cuidado, segundo ela, precisa ser com o Sol. “Quando eu era mais moça, também gostava de um solzinho. Protegia mais a parte do rosto, mas não protegia as outras. Tem que cuidar. O que fazemos quando somos novos pode refletir no câncer depois. Talvez naquela época, que eu me queimava no Sol, não tenha dado reação, mas deu agora. O Sol não perdoa”, diz.

“É preciso ficar atento, pois pode ser tanto o carcinoma quanto o melanoma, que é mais grave. É terrível, pois dá muita metástase. O câncer é cruel”, completa.

Vida de luta

Ao longo da vida, Iolanda também batalhou contra o câncer de mediastino duas vezes, que é um espaço existente entre os dois pulmões, no centro do tórax, além de um câncer de tireoide. “Eu tinha dores e precisei fazer uma cirurgia. Eu sou uma sobrevivente”, conta.

“Eu não tenho medo, até quando precisei serrar o tórax estava tranquila. Sempre que entro numa sala de cirurgia, antes da anestesia, eu faço uma oração. E os médicos sempre foram bem-educados e me ajudam na oração. Peço que Deus guie os médicos para que eles façam tudo certo. Não tenho medo, preciso tirar [o câncer] e tratar”, conta.

Desde 2010, Iolanda participa da Rede Feminina de Combate ao Câncer. Além disso, também frequenta o grupo Mulheres Polivalentes, na Policlínica. Nesses espaços, ela ressalta que encontrou muito apoio nos momentos difíceis.

Dezembro Laranja

O aparecimento de manchas e feridas na pele acendem um alerta sobre o diagnóstico do tipo de câncer mais frequente no Brasil e no mundo: o câncer de pele. A Sociedade Brasileira de Dermatologia escolheu dezembro, mês marcado pelo início do verão nos países do hemisfério sul, para instituir a campanha “Dezembro Laranja”, buscando a prevenção ao câncer no maior órgão do corpo humano.

A doença é caracterizada pelo crescimento descontrolado e anormal das células que formam as camadas da nossa pele. Existem dois tipos de câncer de pele: o não melanoma, mais comum no país, que pode ser desenvolvido como carcinoma basocelular (nas células basais, presentes na camada mais profunda da epiderme) ou carcinoma espinocelular (células escamosas, que formam as camadas superiores da pele).

Além destes, há também o câncer do tipo melanoma (originado no melanócitos, células produtoras da melanina, responsáveis pelo pigmento da pele) que, embora menos comum, é considerado um tumor mais agressivo e que, em estágio mais avançado, pode atingir outros órgãos. Em 2021, o câncer de pele do tipo não melanoma representou uma estimativa de 176.930 casos, sendo 93.770 homens e 93.160 mulheres. Foram 8.450 casos de melanoma, sendo 4.200 homens e 4.250 mulheres.

Para prevenir o câncer de pele, evite exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h; use sempre proteção adequada, como bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros, barraca e filtro solar com fator mínimo de proteção 15. Além disso, usar o filtro solar apenas uma vez durante todo o dia não protege por longos períodos. É necessário aplicá-lo a cada duas horas, durante a exposição solar. Mesmo filtros solares “à prova d’água” devem ser reaplicados.