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O remédio e o veneno

Aquela dor de cabeça , filho ou filha com febre… quem nunca tomou remédio por conta própria? A grande maioria dos desconfortosleves , incluindo resfriados, mal-estares, dura pouco tempo e desaparece sem medicação, com medicações leves ou, muitas vezes,  apesardos medicamentos utilizados.Segundo a OMS, mais de 50% dos medicamentos receitados no mundo são dispensáveis ou vendidos de forma inadequada. O uso inadvertido de medicamentos lidera as ocorrências em Centros de Informações Toxicológicas, envolvendo abusos, interações tóxicas, efeitos colaterais ou uso acidental (principalmente ingestão por crianças).  Desta forma, seguem orientações com relação a questão de automedicação, que  já é considerada um problema de saúde pública no Brasil e no mundo

Para sintomas e doenças leves e limitados a curtos períodos de tempo, há grande uso de produtos que são de venda “sem prescrição médica”.No entanto, eles requerem a orientação do farmacêutico.  Mesmo nestes casos leves, a procura médica se torna necessária caso os sintomas se prolonguem, caso haja qualquer alteração do quadro ou outras doenças associadas.

✓ Os motivos pelos quais certos medicamentos precisam de receita médica envolvem, primariamente, o exame para o correto diagnóstico e tratamento, a fim de evitar prolongamento e complicações da doença, toxicidade medicamentosa, efeitos indesejados de interação medicamentosa, danos a curto e longo prazo, dosagens inadequadas para o caso. O uso inadvertido de antibióticos, além de todos os fatores citados, está também relacionado a resistências bacterianas a longo prazo, relacionadas a indicação excessiva, dose e duração inadequadas. Desta forma, seu uso deve ser cauteloso, com orientação médica ou odontológica e durante o exato tempo determinado para uso (nem mais dias, nem menos dias).  Em todas as medicações prescritas, o farmacêutico tem papel essencial na supervisão da receita e orientação do paciente quanto ao seu uso correto, efeitos da medicação e interações.

✓ Da mesma forma, existem motivos pelos quais alguns tipos de medicação requerem exames médicos periódicos. Mais do que  “renovar a receita”, é necessário que o indivíduo tenha nova avaliação do seu quadro, a fim de, após avaliação, o médico poder realizar os ajustes necessários da medicação, dar as orientações pertinentes ao caso e estar em constante conhecimento e acompanhamento do problema de saúde de seu paciente.

✓ Outra medicação que aproveito para chamar a atenção neste texto são os colírios. É comum, na prática diária, encontrarmos pacientes com queixas oftalmológicas e em uso indiscriminado de colírios contendo substâncias perigosas se mal indicadas. Especial atenção para o uso inadvertido de colírios contendo corticoides, pois podem agravar determinadas doenças e causar grandes danos à visão se mal utilizados.

Portanto, cautela é essencial com o uso de medicamentos. Para que um tratamento seja bem sucedido, é necessária uma saudável interação entre profissionais de saúde e paciente, envolvendo indicação, orientação e utilização corretas. O uso inadequado de medicamentos leva a um mal tratamento de suas doenças, desperdício de dinheiro e desperdício de saúde!

Maiara Dalcegio Favretto – médica oftalmologista