O trabalho e o trabalhador mudaram
O ser humano sempre trabalhou ao longo de sua história. Todavia, o trabalho atual e de outras épocas são diferentes. Hoje, o trabalho tende a exigir sempre mais criatividade, inventividade, conhecimento, imaginação, formação contínua. Cada vez mais se faz necessária interação entre o trabalhador e a máquina. Vejamos o porquê.
Com a descoberta do Método Científico e consequentemente da Ciência e da Técnica, operou-se profunda transformação no trabalho humano. A aplicação da Ciência e da Técnica, na indústria, realizou uma revolução no processo de produção. Somada à divisão do trabalho na linha de produção, configura-se toda uma nova maneira de trabalhar. É a Revolução Industrial que influenciou todo o tecido sociocultural. Consagra-se, no ambiente de trabalho, o modelo fordista (Henry Ford) de produção.
Neste modelo, o trabalho não exige muito conhecimento do trabalhador. Aprende-se tudo com relativa facilidade. As atividades eram bastante rotineiras e repetitivas. Programa-se a máquina e ela dá conta do recado. Basta estar atento a ela e executar certas tarefas que tudo flui automaticamente. É o processo de automatização. Neste contexto laboral não há enriquecimento em termos de conhecimento para o trabalhador. A relação máquina-ser humano é fria, sem grande interação a não ser estar atento ao que ela opera e observar se está executando a programação feita para ela.
O advento da revolução tecnológica com a introdução das tecnologias da informática, num contexto sociocultural da revolução pós-fordista, pós- industrial, pós-modernidade, o trabalho humano ganha nova dimensão. Há outra relação com a máquina nas tarefas laborais. O trabalhador, agora, precisa de mais preparo, de mais conhecimento, de maior comunicação e cooperação. O processo produtivo requer mais criação, renovação, inventividade, maior interação com a máquina.
Aqui o trabalhador é menos dependente da máquina que na fase anterior (Revolução Industrial). Menos subordinação à máquina e mais autonomia em sua operação. Há uma relação de flexibilidade entre a máquina e o trabalhador. Não é, apenas, um espectador do processo de produção da máquina, mas pode intervir neste processo. Isto evidente exige maior domínio de todo o processo, inclusive capacidade de interpretá-lo e até de reprogramar a máquina, se for necessário.
Esta nova dimensão do trabalho agrega algo a mais na vida cotidiana do trabalhador. Não é mais só um trabalho material e braçal, embora continue com esse acento, mas é também imaterial enquanto exige reflexão, inovação, criação. Desta forma o próprio trabalho torna-se também fonte de conhecimentos e de novas experiências, acumulando conhecimentos para o trabalhador. Há, portanto, um elemento novo em relação às formas passadas de trabalhador. O trabalho ganha outra fisionomia.
Na visão cristã do trabalho, ele representa uma dimensão fundamental da existência humana como participação não só na obra da Criação, como também da Redenção. Jesus mesmo nos deu o exemplo, como trabalhador. Seu testemunho deu ao trabalho novo sentido e novo valor. Quem trabalha, portanto, unido a ele, está participando de sua obra salvífica. O trabalho, nesta perspectiva, pode ser considerado como um meio de santificação. Caminho, portanto, de santidade. E não foram poucos os que se santificaram por meio do trabalho.
Tudo isso gera novo modo de trabalhar e nova visão também do trabalhador. Hoje, o maior capital de uma empresa é o trabalhador, não o maquinário. Mas, será que o industrial e o trabalhador têm essa consciência? E as nossas escolas?