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Olga Koehler: conheça uma das primeiras mulheres a atuar nas finanças de uma empresa em Brusque

Ela administrou o tradicional empreendimento da família em uma época em que mulheres eram educadas para ser apenas donas de casa

Era sentada na cadeira em uma mesa no canto enxugando os copos, que dona Olga Koehler tomava conta da tradicional Confeitaria Koehler, estabelecimento que marcou época em Brusque, e que até hoje é lembrado, entre outras delícias, pelas famosas empadas, pelo strudel e as balinhas.
A confeitaria foi criada por Max Koehler, em 1897, e em 1929, seu filho, Alfredo Koehler, assumiu o negócio. Logo após o casamento com Alfredo, dona Olga começou a trabalhar no local.

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Mas engana-se quem pensa que ela era a responsável pela cozinha. O trabalho de dona Olga na confeitaria era outro, bem incomum para uma mulher naquela época.

 

Dona Olga era quem organizava o negócio. Durante o dia, deixava toda a parte financeira pronta para que o marido, após o preparo das delícias da Koehler, fosse até o banco depositar.

“Meu pai fazia a parte da padaria e confeitaria. Ele levantava de madrugada para preparar tudo. Ela deixava o financeiro certinho pra ele, era só passar no banco mais tarde”, conta a filha.

Sobrinha de Olga, Marlene Westphal, 84 anos, se recorda da tia como a administradora da confeitaria brusquense e até hoje a tem como um exemplo. “Toda a responsabilidade de manter a confeitaria era dela. Os funcionários, compras, pagamentos, faturamento, tudo. Foi um grande exemplo do que hoje definimos como mulher empoderada”, diz.

Tudo era acompanhado de perto por Olga. Desde o uniforme impecável dos funcionários, sempre muito bem engomados, até o atendimento. Da sua tradicional mesinha onde ficava enxugando os copos, ela tinha uma visão panorâmica do estabelecimento e sempre estava por dentro de tudo.

“Naquela época, as mulheres eram criadas e educadas para serem esposas e donas de casa. Minha mãe exercia seu papel em casa muito bem, mas o que mais gostava era do trabalho fora. Ela tinha a cabeça muito evoluída”, conta a filha.

Além de ser considerada uma mulher à frente do tempo profissionalmente, dona Olga também foi marcante no lado pessoal. Ela tinha mais de 50 anos quando adotou os filhos: Jaqueline e Roland Alfredo. “Para aquela época, adotar não era comum. E minha mãe batia de frente com todo o preconceito sobre o assunto. Apesar de ter idade já para quase ser nossa avó quando fomos adotados, ela era muito moderna”, diz.


O trabalho fez parte da vida de dona Olga. Impossível falar da confeitaria sem lembrar dela. E foi na confeitaria que ela esteve até o último momento. Dona Olga faleceu em outubro de 1991, aos 81 anos, sentada na sua cadeira, enxugando os copos.

“Era época de Fenarreco. A confeitaria lotada. A mãe estava sentada no seu lugar, quando apagou e morreu. O copo que ela enxugava caiu no chão. Foi tudo muito rápido e natural. Ela morreu 10 meses depois do meu pai, foi de saudade. Depois da morte dele, ela continuou indo trabalhar porque era o que gostava de fazer, e morreu ali, onde mais gostava de ficar”.

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