Ônibus levam universitários de Brusque para cidades da região de maneira irregular
Prática é proibida segundo a Polícia Rodoviária e tanto a empresa quanto o motorista podem ser punidos
Imagem enviada via Post-up – aplicativo do jornal Município Dia a Dia – por um estudante da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) que utiliza o transporte universitário mostra que alguns passageiros realizam o trajeto entre Brusque e Itajaí em pé. A prática é proibida, segundo
a Polícia Militar Rodoviária do Estado de Santa Catarina (PMRv/SC), e pode gerar punições à empresa responsável e ao motorista do veículo.
“Nesse início de semestre praticamente todo o dia alguém viaja em pé. Não sei se os primeiros ônibus que saem já estão cheios, mas os que eu pego sempre estão”, explica Jocimar Fischer, estudante do quarto semestre de biologia que enviou a foto. “Nessa semana [semana passada] eu já vim em pé duas vezes. É muito desconfortável, ainda mais depois de um dia cansativo de trabalho”, completa.
Também estudante de biologia, Luiz Lichtenberg confirma o “perrengue” enfrentado pelos estudantes. Ele utiliza o transporte desde o ano passado e afirma que, durante todo o período, os ônibus nunca foram parados para fiscalização da Polícia Rodoviária.
“No começo do semestre é sempre mais complicado. Quase sempre tem alguém em pé. Teve uma vez que tivemos de parar no meio da estrada pra esperar outro ônibus porque tinha muita gente sendo transportada. Pra mim é de boa, eu não ligo muito de ficar em pé. Mas noto que às vezes as pessoas estão desconfortáveis”, afirma Lichtenberg.
Os ônibus utilizados pelos universitários brusquenses são disponibilizados pela administração municipal. Desde 2010, segundo o coordenador do transporte universitário da prefeitura, Ademir Luiz de Souza, estudantes que estão matriculados em cursos de outras cidades que não são oferecidos em Brusque e estudantes que têm bolsa integral, Prouni ou Fies não pagam as passagens. Apenas arcam com os custos do transporte os acadêmicos que estão matriculados em cursos que o município dispõe nas três universidades.
Atualmente, de manhã, um ônibus desloca-se para as universidades de Balneário Camboriú e quatro deslocam-se para as de Itajaí. À noite, por outro lado, dois vão a Balneário Camboriú e quatro a Itajaí. Souza afirma que os motoristas são orientados a não deixarem os acadêmicos viajarem em pé.
“Aluno em pé é relativo. De manhã cedo vai todo mundo sentado porque eles gostam de dormir. Quando é de noite, muita gente quer vir no primeiro ônibus. A ordem é não deixar em pé”, diz. “E o número de ônibus é o mesmo do primeiro semestre”, completa.
Universitário é o principal fiscalizador, afirma comandante
A fiscalização dos veículos que percorrem a rodovia Antônio Heil entre Brusque e Itajaí é de responsabilidade da Polícia Militar Rodoviária do Estado de Santa Catarina (PMRv/SC). Segundo o comandante da 3ª Companhia da PMRv/SC com sede em Blumenau, Alexandre Alberto Kleine, as fiscalizações ocorrem conforme cronograma e demandas geradas pela região do respectivo comando.
“Além dos serviços realizados diuturnamente pelos patrulheiros rodoviários, têm também o atendimento dos acidentes de trânsito, que por sua vez exigem uma atenção maior, tendo em vista a necessidade de confecção do boletim de ocorrência. Por este motivo, associado à extensa área de abrangência de atuação da Unidade responsável pelo patrulhamento desta região – Posto 2 de Gaspar -, nem sempre é possível efetuar a fiscalização de todos os tipos de veículos”, diz.
Com relação ao transporte universitário, Kleine explica que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) regula as normas e proíbe o transporte de passageiros que exceda a capacidade máxima do veículo devido à exigência do uso do cinto de segurança. O não cumprimento da regra, diz, acarreta ao condutor infração de trânsito de natureza grave, que equivale a cinco pontos na certidão de prontuário e a multa no valor de R$ 127,69.
Ainda segundo o comandante, as empresas prestadoras do serviço de transporte respondem por todas as situações relacionadas ao veículo, desde a documentação até o estado de conservação e segurança. Ele ressalta também que o universitário é o principal fiscalizador e, por isto, deve denunciar o descumprimento das regras por meio do telefone 198.
“Ele deve exigir a prestação de serviço com responsabilidade pois nem sempre haverá uma unidade fiscalizadora. O universitário percebendo que a postura da empresa e a conduta do condutor do veículo não estão de acordo com o contratado, devem se manifestar e se não atenderem aos reclames, devem então optar por outra prestadora deste tipo de serviço. Com isto, acreditamos que contribuirá também por um trânsito mais humanizado e seguro para todos”, afirma Kleine.
Nas vias de Brusque
Enquanto nas rodovias estaduais a responsabilidade de fiscalização é da Polícia Militar Rodoviária, nas vias do município a Secretaria de Trânsito e Mobilidade (Setram) é o órgão responsável. O titular da pasta, Bruno Knihs, afirma que a cada início de semestre os fiscais verificam as condições de todos os veículos de transporte e, depois disto, esporadicamente realizam algumas blitzes. Assim como Kleine, Knihs também ressalta que o usuário deve denunciar as irregularidades cometidas pelas empresas.