OPINIÃO: Brusque precisa reconhecer o erro e ser enérgico para corrigi-lo
Editorial: Bruscão e a tragédia premeditada
Em dezembro do ano passado, publicamos um editorial intitulado “Brusque e a liberdade de expressão”. Nele falamos do episódio em que o gerente de Marketing do Brusque, Sandro Ortiz, em live na TV Bruscão, realizada no dia 8 de dezembro de 2020, afirmou que membros da imprensa de Brusque ligados ao jornal O Município, Rádio Cidade e TV Brusque “trabalham contra o clube, criando polêmica, querendo viver às custas do clube, ganhando dinheiro diretamente do clube, se beneficiando da tragédia do clube”.
O editorial questionava como uma pessoa com o cargo tão importante no clube poderia fazer acusações sem fundamento, sem provas, de forma leviana. Também falamos da constante incitação à violência contra os mais críticos, criando um clima de animosidade e influenciando torcedores a fazer ameaças a repórteres, como já aconteceu com nosso jornalista e colegas da TV Brusque e Rádio Cidade, conforme noticiamos na época.
O episódio rendeu uma reunião com o presidente do Brusque, Danilo Rezini, e os dirigentes dos veículos de comunicação que cobriam os jogos na época. A situação estava insustentável a ponto de as ameaças à integridade física colocarem em risco a ida de repórteres ao estádio para trabalhar nos jogos.
Rezini garantiu que os repórteres poderiam realizar seu trabalho e que nada aconteceria. Também falou que não concordava com as declarações do gerente de marketing e que haveria uma retratação.
Os repórteres não deixaram de ir a campo, mas o que era para ser uma retratação virou uma conversa fiada, que não provou as afirmações e também não se desculpou. Mostrou que, afinal, aquela ideologia do ataque e desrespeito era mais forte que a vontade do presidente.
Aquele editorial de dezembro já antecipava: “Estamos diante de uma oportunidade única de subir ainda mais e ir para a Série B, deixando o Bruscão ainda mais em evidência. Mas precisamos lembrar que não são só os resultados de dentro do campo que vão contar. Os valores, desafios e condutas extracampo também são vitrine e podem moldar o Brusque do futuro para o bem ou para o mal. Vai depender muito da conduta que a diretoria vai tomar daqui pra frente.”
Não basta “passar o pano”, nem chorar na tribuna da Câmara, é preciso punir os culpados
Infelizmente, a diretoria do Brusque não tomou as atitudes necessárias. Ela já sabia e sabe destes problemas, que a cada dia vem ganhando musculatura até chegar ao ponto em que chegamos. Nada foi feito para separar este joio que foi crescendo no meio do trigo. Agora, no auge da colheita, com o time na melhor posição de sua história e uma tremenda visibilidade nacional, o quadricolor é punido por estas atitudes. Os ditos “defensores” viraram os algozes.
Se o Brusque quiser voltar a brilhar e honrar o nome que tem, vai ter que ser humilde em reconhecer o erro e enérgico para corrigi-lo. Não basta “passar o pano”, nem chorar na tribuna da Câmara, é preciso punir os culpados. Ter atitude firme contra quem escreveu a nota, contra quem fez a ofensa que consta na súmula, contra quem negou o fato (que todo mundo viu e ouviu), que permite que pessoas preconceituosas e racistas participem do dia a dia do clube.
Temos orgulho de nosso time, de nossos jogadores, de diretores destemidos e determinados que fizeram o Brusque ser um grande time, mas não podemos mais aceitar este clima de acobertamento, de desrespeito, de ofensas e racismo. A diretoria precisa afastar este ranço de ódio e restabelecer urgentemente o bom senso e equilíbrio para poder ganhar novamente dentro e fora do campo.