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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

OPINIÃO: Pandemia força políticos e entidades a jogarem com movimentos inéditos

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

OPINIÃO: Pandemia força políticos e entidades a jogarem com movimentos inéditos

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Editorial: O poder paralelo 

Há uma expressão em nossa sociedade que diz que não existe vácuo de poder. Cada vez que a fraqueza ou hesitação humana ocorre, outro agente preenche o espaço. Este axioma se manifesta em todas as interações humanas, sejam elas no âmbito familiar, de trabalho e principalmente político.

Nas últimas semanas este tema ganhou contornos especiais no cenário da política federal, principalmente em relação ao tema pandemia e sua coordenação. Isso porque desde o início da pandemia há divergência entre as medidas cabíveis ao combate do vírus entre os poderes federal, estadual e municipal, motivados por ideologias e cores partidárias.

Neste embate, em abril de 2020 algumas questões de competências foram parar no STF que decidiu, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6341, que os governos municipais e estaduais podiam determinar o isolamento social, quarentena e fechamento do comércio. Estas e outras ações deram espaço para outras decisões, além das federais, que pudessem ser tomadas.

O presidente viu aí uma oportunidade de dividir também o ônus da pandemia e postou em julho, em sua conta do Twitter, a informação de que o Supremo determinou que ações em relação à pandemia são de responsabilidade dos estados e municípios. Contudo, as ações do STF não isentavam o governo de realizar medidas de combate ao vírus e à doença.

Este e outros episódios tem gerado um posicionamento de confronto e permitido que a união dos governadores ganhe forças. O que era um grupo de governadores do Nordeste, predominantemente de oposição, que há um ano já contestava o presidente em carta, agora tem se tornado um fórum, com maioria, inclusive com governadores aliados.

No início deste mês, 14 governadores enviaram uma carta a Bolsonaro pedindo esforço internacional para compra de mais vacinas. Na semana passada, dia 10, foi divulgado o “Pacto Nacional em Defesa da Vida e da Saúde”, assinado por 21 governadores. E para aumentar ainda mais a pressão, nesta semana, dia 15, foi enviada uma carta aos governadores, intitulada “Pacto pela Vida”, que critica a atuação do governo federal e é assinada pela CNBB, OAB, SBPC, ABC, ABI e Comissão Arns. 

O poder não tem vácuo e o jogo está sendo jogado, com movimentações nunca vistas, fortalecendo aqueles que entendem melhor o cenário

Para amenizar a situação, o presidente Jair Bolsonaro usou na terça-feira tom mais conciliador com os governadores e pregou a união para buscar uma solução contra o coronavírus, no discurso de lançamento do Plano Nacional de Vacinação. 

O afago tem como objetivo conter o avanço deste poder paralelo que a cada dia ganha espaço e importância e pode ser decisivo daqui para a frente, tanto na pandemia quanto nas próximas eleições.

E saindo da esfera política, mas ainda no campo da disputa de poder, chamou a atenção o posicionamento das entidades de Santa Catarina em relação ao pedido do Ministério Público de lockdown de 14 dias em nosso estado na semana passada. 

O desfecho foi a Justiça rejeitar o pedido do MP, mas o curioso foi o fato de entidades estaduais como Fiesc, Fecomércio e Facisc entrarem na Justiça contra o Ministério Público. Este é um ato raro e teve sua motivação nas filiadas/associadas destas entidades, que não contentes com o posicionamento da capital, decidiram entrar por si só na ação judicial.

O movimento, que teve também a forte participação de entidades de Brusque, forçou os líderes empresarias estaduais a aderirem à contestação e evitar um desgaste e enfraquecimento de suas entidades diante da sociedade.

Como vimos, o poder não tem vácuo e o jogo está sendo jogado tanto na disputa política federal como na empresarial estadual, com movimentações nunca vistas, fortalecendo aqueles que entendem melhor o cenário e tem a melhor estratégia.

 

 

 

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