OPINIÃO: Rachadinha expõe uma face imoral e perversa de nossa política
Editorial: A famosa rachadinha Na quinta-feira da semana passada, publicamos com exclusividade aqui no jornal O Município a matéria “Denúncia de Rachadinha”. A matéria trata de Aladim Farias, ex-servidor da prefeitura de Brusque que relatou um esquema de devolução de parte do salário de comissionados para políticos em Brusque. Na denúncia ele acusa o ex-vereador […]
Editorial: A famosa rachadinha
Na quinta-feira da semana passada, publicamos com exclusividade aqui no jornal O Município a matéria “Denúncia de Rachadinha”. A matéria trata de Aladim Farias, ex-servidor da prefeitura de Brusque que relatou um esquema de devolução de parte do salário de comissionados para políticos em Brusque. Na denúncia ele acusa o ex-vereador e atual diretor do Samae de Brusque Cleiton Bittelbrunn de participação no esquema.
A denúncia, que também foi feita ao Ministério Público, repercutiu muito nas mídias sociais e também no poder municipal. Nesta terça feira o assunto foi abordado na sessão da câmara de vereadores com o pronunciamento do líder do governo, Nik Imhof (MDB), de aguardar as investigações para tomar um posicionamento.
Este não é um assunto novo e nem é surpresa que se tenha esta prática aqui em Brusque. O fato novo é que alguém teve a coragem e se dispôs a denunciar, em expor o funcionamento e os nomes da quadrilha que usa deste expediente para angariar recursos para si e para o partido.
O fato deixou muitos poderosos de Brusque preocupados, pois pode encorajar outras pessoas a denunciar. O próprio Ministério Público, caso se interesse em investigar, pode aprofundar o assunto e chegar a mais envolvidos.
A rachadinha expõe uma face imoral e perversa de nossa política, pois utiliza cargos públicos para lotear com apadrinhados que se submetem a devolver parte de seus recursos. Ela põe em cheque a própria necessidade de ter estes cargos cuja único objetivo é fazer o dinheiro público fluir dentro do esquema político.
A rachadinha põe em cheque a própria necessidade de ter estes cargos cuja único objetivo é fazer o dinheiro público fluir dentro do esquema político
Mesmo sendo a rachadinha uma pratica arraigada em todas as esferas de poder, ela precisa ser coibida, criminalizada, punida. Neste sentido, na mesma sessão da Câmara de terça-feira, o vereador Rick Zanata (Patriota) lembrou que se o critério de nomeação fosse por qualificação, Bittelbrunn não seria o diretor-geral do Samae.
Zanata se referiu a um projeto de lei apresentado na semana passada pelo vereador André Vechi (DC) que estabelece a divulgação do grau de escolaridade e área de formação acadêmica dos servidores em comissão dos poderes Executivo e Legislativo de Brusque.
A ideia é de conseguir uma adequação melhor entre a função e qualificação de funcionários públicos e consequentemente uma maior eficiência nos serviços. Hoje podemos ter até analfabeto no cargo de diretor, desde que seja um indicado político.
A projeto é bom e pode ser mais um passo na moralização do funcionamento dos órgãos públicos evitando distorções e incompatibilidades que engessam e corrompem a máquina estatal.
Vamos continuar acompanhando os desdobramentos deste caso para saber o tamanho do esquema e a atitude do poder municipal, que não está envolvido diretamente na denúncia, mas decidiu adotar o modelo brasileiro de deixar o agente sob suspeita no cargo enquanto o fato não for investigado, julgado e condenado, o que é quase uma missão impossível no Brasil.