Lombada e ciclofaixa dividem opinião de moradores da avenida Primeiro de Maio
Após vídeos publicados por Luciano Hang, O Município ouviu pessoas que convivem com o trânsito no local
Os vídeos do empresário Luciano Hang sugerindo alterações no trânsito da avenida Primeiro de Maio iniciaram uma polêmica em Brusque. Nas redes sociais, inúmeros comentários prós e contras as medidas foram publicados desde sexta-feira, 20.
O Município foi ao local e ouviu a comunidade que convive diariamente com o trânsito na região do Senai. Há dois entendimentos predominantes: a lombada é vista com bons olhos pelos entrevistados porque facilita a passagem de pedestres, enquanto que a ciclofaixa é alvo de críticas.
Outra proposta apresentada por pessoas ouvidas pela reportagem é tornar a via mão única. Assim, a Primeiro de Maio teria um sentido, e a Azambuja, o inverso.
O secretário de Trânsito e Mobilidade, Alonso Moro Torres, diz que não se manifesta sobre alterações no trânsito da cidade sem que tenha em mãos um estudo técnico. Segundo ele, neste momento, o seu foco é no cronograma para recuperar a sinalização viária no município, que, para ele, está precária.
Lombada é bem vista por entrevistados
A lombada que fica perto do Senai é bem avaliada por pessoas ouvidas pela reportagem, por dois motivos: dá mais segurança aos pedestres para a travessia e obriga os motoristas a reduzir a velocidade.
Morador do Primeiro de Maio há mais de 50 anos, Joel Régis diz que o obstáculo é fundamental para que os alunos do Senai e do Centro de Educação Infantil (CEI) Professora Helga Stoltenberg possam atravessar perto do meio-dia e no fim da tarde.
A creche fica na rua Pedro Noldin, transversal da Primeiro de Maio, e tem saída exatamente ao lado da lombada.
Para Régis, Hang se equivocou ao culpar a lombada e a ciclofaixa pelo trânsito na hora que gravou o vídeo. “Quando ele fala que era a lombada, era a obra”, diz, citando a obra que a prefeitura está executando na via.
Roberto Cani, morador do Primeiro de Maio há mais de 60 anos, diz que o trânsito no local é intenso. “Tem que deixar a lombada para poder atravessar”.
João Luiz Régis, que foi criado no Primeiro de Maio e vai ao bairro todos os dias, mas mora no Santa Rita, diz que a velocidade é o maior problema, por isso a lombada é necessária.
“Como o pessoal vai sair [das transversais, comércios e casas]? Tem que educar o povo, porque ninguém dá a vez”.
Gelson Rangel, proprietário do Quiosque do PC, diz que a lombada não é o problema do trânsito. Na avaliação dele, as filas e os acidentes acontecem devido à falta de educação dos motoristas.
“O pessoal não tem a consciência da velocidade”, afirma o comerciante. “Para mim, deveria ter duas lombadas, uma mais para cima, outra mais baixo que essa”, diz Rangel.
Uma aposentada que mora perto da lombada e preferiu não se identificar avalia que a lombada foi importante para reduzir o número de acidentes graves em frente à sua casa. Segundo ela, os motoristas não respeitavam o limite de velocidade sem a lombada física.
A própria moradora já foi atropelada naquele local, em 1992. Ela afirma que, antes da ciclofaixa, dos tachões e da lombada, havia acidentes diariamente, por vezes, com vítimas graves.
O comerciante Dalmir de Oliveira não concorda com a continuidade da lombada. “Deveria colocar ali um semáforo”, sugere.
Segundo Oliveira, que tinha a Dalmoveis no local até pouco tempo, é bastante complicado conseguir convergir ou entrar na avenida nos horários de pico.
Leitores criticam ciclofaixa
Enquanto a lombada é quase unanimidade devido à segurança que dá aos pedestres, a ciclofaixa é alvo de muitas críticas. Assim como Hang, os moradores avaliam que a quantidade de ciclistas é muito pequena para justificar um espaço exclusivo para eles.
Rangel, do quiosque, diz que as ciclofaixas são prejudiciais aos comércios, como o dele, porque tiram estacionamento. Também reduzem o espaço para os carros, portanto, pioram o tráfego. Ele avalia que a rua Azambuja é um exemplo de rua estreita que “foi morta” com as ciclofaixas.
Cani, o morador de mais de seis décadas do local, afirma que não há razão para existir a ciclofaixa. São poucos ciclistas, e muitos andam pelo lado contrário, na calçada.
O comerciante Oliveira também acredita que a ciclofaixa deveria ser retirada, pois não existe volume de ciclistas, e muitos não respeitem o espaço.
Régis vai na mesma linha. “Tem que tirar a ciclofaixa porque ninguém anda”, diz o morador do Santa Rita, mas frequentador cotidiano do Primeiro de Maio.
Na contramão, Joel é ciclista e morador do bairro. Para ele, a ciclofaixa é importante para quem usa o veículo como transporte ter mais segurança.
A moradora aposentada não identificada também acredita que a ciclofaixa deve ser mantida. Há décadas no local, ela destaca que os ciclistas serão mortos pelos motoristas imprudentes sem as faixas exclusivas.
O ciclista brusquense Murilo Fischer se manifestou sobre o assunto no Facebook. Ele diz que retirar as ciclofaixas seria um “regresso”. “Moro há 17 anos na Europa, e chegando na cidade nesses dias, acabei me inteirando da polêmica criada sobre retirada da ciclofaixa da nossa Primeiro de Maio aqui em Brusque. Sinceramente me sinto decepcionado com opiniões que vão na contramão da mobilidade urbana, onde a bicicleta veio pra ficar”.