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Oração que move: fiéis percorrem caminho de Brusque a Nova Trento na Sexta-Feira Santa: “Sem fé a gente não sobrevive nesse mundo”

Data religiosa lembra a crucificação e morte de Jesus

Na manhã desta Sexta-Feira Santa, 18 de abril, centenas de fiéis de Brusque e região deixaram suas casas ainda de madrugada para iniciar uma tradicional caminhada de fé até o Santuário de Santa Paulina, em Nova Trento.

Acompanhados por bicicletas ou apenas pela força das próprias pernas, os peregrinos seguiram motivados pela devoção e pelo desejo de agradecer pelas graças alcançadas.

A Sexta-Feira Santa é uma das datas mais simbólicas do calendário cristão, marcada pela lembrança da crucificação e morte de Jesus Cristo. Para muitos, é também o momento de cumprir promessas e renovar a espiritualidade. A peregrinação partindo do bairro Cedro Alto, em Brusque, já se tornou um costume anual, reunindo pessoas de todas as idades.

Mais do que uma jornada física, o trajeto até o santuário representa um verdadeiro ato de fé e superação. Cada passo é carregado de simbolismo, emoção e resistência, refletindo a força interior de quem enfrenta o longo caminho como um gesto de gratidão e esperança.

Douglas Mareton, de 39 anos, participou pela primeira vez da peregrinação ao lado do filho Pedro Henrique, de 12. Juntos, percorreram o trajeto de bicicleta, vivenciando a experiência com gratidão e fé.

“Moramos no bairro Águas Claras e viemos agradecer pela saúde, pelo bom ano que tivemos e, principalmente, pelo nascimento da minha filha mais nova, Helena”, contou emocionado.

Otávio Timm/O Município

José Armando, de 62 anos, conhecido por liderar o “Grupo do Bay”, percorreu o trajeto acompanhado de 76 pessoas. Neste ano, o grupo optou por realizar toda a peregrinação a pé, em um gesto de união e fé. A caminhada começou em um ponto de encontro no bairro Centro II, de onde todos partiram juntos.

“Nesse tipo de peregrinação, que vai além da fé, também buscamos saúde e a manutenção de hábitos mais saudáveis. É um momento de reflexão pessoal e eu me realizo muito nesse tipo de peregrinação. Esse tipo de experiência transforma vidas de uma maneira positiva e profunda”, destacou José.

José (laranja) ao lado do seu grupo de caminhada – Otávio Timm/O Município

Aos 67 anos, a visitante Maria viveu a peregrinação de uma maneira especial. Natural de Pontal (PR), ela viajou até Tijucas para passar a noite na casa do filho e, na manhã desta Sexta-Feira Santa, seguiu rumo ao Santuário de Santa Paulina.

Por conta de limitações físicas, não pôde acompanhar o trajeto completo, mas encontrou uma forma própria e intensa de expressar sua fé: subiu as escadarias do santuário como gesto de penitência e agradecimento.

“Estou aguardando uma cirurgia e tenho uma nota que está no hospital. Além de fazer pedidos por isso, vim com meu marido agradecer por tudo que Deus tem nos dado. Estou com o coração apertado pela minha neta, que está hospitalizada, mas tenho fé de que ela será curada. A fé é tudo — sem ela, a gente não sobrevive nesse mundo. Há muitas pessoas perdidas e descrentes, e isso machuca”.

Ao seu lado, a companheira de sempre: Lua, sua cachorrinha, que a acompanha em todas as peregrinações. “Ela sempre vem comigo e com meu marido, faz parte da família”, comenta com carinho.

Com a experiência de quem já esteve ali várias vezes, Maria não hesita em incentivar quem nunca participou do momento.

“Quem nunca fez, precisa fazer. Quando você chega aqui, é maravilhoso. Já dormi dois dias dentro de um caminhão aqui no pátio, em uma das vezes que vim. Antes, não tinha essa rampa linda que tem agora, que ajuda muito quem tem dificuldade de locomoção a subir e descer. Recomendo demais. Aqui tudo é diferente… até o cheiro. Tudo cheira a Deus”.

Maria e sua companheira Lua – Otávio Timm/O Município

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Otávio Timm/O Município
Otávio Timm/O Município
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