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Orçamento da prefeitura para o esporte está em declínio

Em dois anos, o investimento no esporte brusquense caiu praticamente pela metade

O investimento no esporte brusquense caiu praticamente pela metade em apenas dois anos. Segundo dados repassados pela Fundação Municipal de Esportes, com base na previsão orçamentária de 2015, a tendência é de que o orçamento este ano tenha uma redução de quase R$ 900 mil reais em relação a 2013, quando o superintendente da FME ainda era Alessandro Simas. O valor reflete uma queda contínua na pasta, já que no ano passado, o primeiro de Deivis Silva à frente da fundação, houve uma baixa de aproximadamente 25%.

Em números absolutos, se em 2013 a FME teve cerca de R$ 2 milhões (R$ 1.995,5) para a pasta, em 2015 a quantia deve ficar na faixa de R$ 1.170. Uma retração de 42%. Nos valores não estão inclusos a folha de pagamento dos servidores.

Se comparadas as despesas com ‘desporto e lazer’, Brusque também apresenta uma queda brusca nos últimos cinco anos, desde o primeiro da gestão de Paulo Eccel. Com exceção ao ano de 2010, quando o município sediou os Jogos Abertos de Santa Catarina, todos os anos subsequentes tiveram redução. O mesmo aconteceu nos últimos quatro anos de seu antecessor, Ciro Roza.

Apesar disso, as despesas de Eccel com desporto e lazer ainda são significativamente maiores do que o valor gasto pela gestão anterior, comandada por Ciro Roza. É necessário, no entanto, a ressalva quanto ao aumento de receita do município nos últimos anos. Foram comparados os números de 2005 a 2014 com base no ‘portal do cidadão’.
Em 2009, quando Eccel assumiu, a despesa da prefeitura com desporto e lazer foi de R$ 1.031 mil, praticamente o mesmo do ano anterior sob a gestão de Roza, R$ 996 mil.
Em 2010, a prefeitura teve o maior gasto em todo o período analisado. Foram R$ 3.305 milhões em despesas no ano em que a cidade sediou os Jasc. Em 2014, o valor foi de R$ 2.427. A redução é de 27%.

Efeito sentido

A queda do orçamento afeta diretamente as modalidades brusquenses, bem como os desportistas da cidade, já que o valor é destinado, entre outras coisas, para o Bolsa-Atleta. Em razão da retração, todas as modalidades tiveram que passar por readequações no último ano, segundo a fundação. Além da redução no valor mensal do Bolsa-Atleta, ainda houve queda no número de parcelas. Anteriormente, as modalidades recebiam dez mensais. Este ano, serão apenas nove.

A distribuição dos recursos

Segundo levantamento feito pela reportagem, os principais investimentos no esporte brusquense, cerca de 75% do orçamento, estão concentrados em apenas quatro modalidades: futsal feminino, basquete, ciclismo e atletismo.

O Barateiro Futsal é disparado o que mais recebe investimentos públicos, direta e indiretamente, algo em torno de R$ 330 mil anuais. O valor corresponde a 28,12%. Em seguida vem o basquete, com 210 (18%); o ciclismo, 185 (15,75%); e o atletismo, com R$ 165 mil (14,25%). “Neste percentual, além do Bolsa-Atleta, estão inclusos gastos com transporte, aluguel de quadra sem despesa, material esportivo, alojamento e alimentação”, justifica o superintendente da FME, Deivis Silva.

Juntam-se as modalidades que demandam maior investimento o vôlei de areia e a natação, com R$ 65 e 61 mil, respectivamente, o que corresponde a 5,62% e 5,25%. Outras oito modalidades, somadas, chegam a 8,4%. Dividem um montante de cerca de R$ 100 mil anuais

A posição da FME
Segundo o superintendente da FME, Deivis Silva, uma das justificativas para a queda do orçamento este ano está no direcionamento de recursos municipais para os trabalhos na Vila Olímpica. “A maior ação esportiva do governo de Brusque será na Vila Olímpica. A FME terá sua parcela de contribuição nesse grande projeto e foi necessário algumas adequações e ajustes orçamentários”, defende.

O prefeito Paulo Eccel, durante entrevista concedida sobre a Vila Olímpica no último mês, confirmou a previsão de queda na receita para a pasta do esporte este ano.

Segundo Eccel, isso ocorreu com todas as secretarias em razão de um aumento no orçamento da Saúde. “Foram R$ 10 milhões em função do incremento na rede de atenção básica com cinco novas unidades e também com o início de funcionamento da unidade pronto-atendimento 24 horas”, de acordo com ele. “Todas as secretarias tiveram que fazer esforço porque o bolo é um só. Por isso é natural que este recurso saia de outras áreas”, comenta.

O prefeito de Brusque diz que tem conversado com Silva para minimizar o impacto desta queda. Ele defende que sejam realizados processos de conscientização junto ao empresariado. “Não é possível que, com empresas tão pujantes, não tenhamos uma contrapartida para o esporte a altura”, diz.