Orquestra Municipal de Guabiruba profissionaliza novos músicos na cidade
Totalmente gratuito, o projeto atende atualmente 34 alunos
A estudante Yasmin Fischer, de 13 anos, começou a tocar violão aos seis anos de idade. Depois, passou a praticar o teclado, mas foi com o violino que ela entrou na Orquestra Municipal de Guabiruba, há quase dois anos. “Eu gosto bastante de tocar e também acho bonito o som geral das músicas”, conta.
Ela é uma dos 22 músicos ativos na orquestra. Além deles, mais 12 estão em processo de aprendizagem. O projeto completou quatro anos de existência em 22 de abril deste ano. A iniciativa nasceu em 2015 com o propósito de formar novos músicos na cidade.
Yasmin conta que fez a inscrição por influência do pai, Ivan Elias Fischer, que tocava violoncelo no projeto. Ela ainda não sabe se vai seguir a carreira de música, mas vê como uma possibilidade. “Eu vejo como um hobby, talvez tocar em eventos. Não de certeza, mas se eu me esforçar bem, quem sabe?”.
Segundo o maestro Marcelo Heckert, 31, que também é o criador do projeto, nenhum dos alunos é músico profissional, mas são oferecidas aulas gratuitas uma vez por semana: uma aula teórica; uma aula prática individual; e, se o aluno passar em todas as provas, uma prática em grupo, que é a própria orquestra.
O projeto conta com o trabalho de cinco oficineiros, dentre eles um maestro e quatro pessoas que são responsáveis por ensinar sobre cada conjunto de instrumentos, chamado de “naipe”. São: violinos e violoncelos; trompete e trombone; flauta transversa, clarinete e saxofone; e piano, bateria, contrabaixo, guitarra e percussão.
Para Marcelo, entender a valorização do músico como profissional é um dos focos das aulas. “A gente dá o início, o incentivo principal para eles. Depois, eles podem buscar formação acadêmica”, conta.
A Fundação Cultural de Guabiruba cede o instrumento musical ao aluno, que pode ficar com ele em até um ano de aulas. Depois disso, caso ele queira continuar se aprofundando, fica responsável de adquirir um novo instrumento para si.
Reconhecimento
Para Heckert, um dos objetivos da orquestra é também conquistar o reconhecimento do público. “Não se tinha muito interesse em assistir esse tipo de espetáculo. Hoje, a orquestra consegue reunir uma quantidade expressiva de público”, relata.
A superintendente de cultura da Fundação Cultural de Guabiruba, Paula Maiara Bohn, 24, reforça a importância de apresentações em eventos. “Ver as pessoas ouvirem e saírem felizes, com uma outra visão. É gratificante vê-las pedirem bis, ver o rosto delas. O resultado final faz todo o trabalho valer a pena”, conta.
O destaque para a orquestra é a variedade de músicas ensaiadas e de instrumentos. Para Paula, o maestro conseguiu desmitificar o entendimento de que orquestra só pode conter música clássica, mas que também envolve rock, sertanejo e até as músicas do “Embalos de Sábado à Noite”.
“Na verdade a orquestra é uma formação de instrumentos, o repertório é trabalhado e vai de cada situação”, completa Marcelo.
Força do coletivo
O representante comercial Vadislau Schmitt Júnior, 49, começou a apresentar a tocar saxofone alto aos 42 anos. Ele fazia aulas particulares e praticava sozinho em casa, até que prestigiou uma apresentação da orquestra. Hoje, está há quase um ano no grupo.
Segundo Vadislau, ele ampliou o número de amigos. “Eu estou me relacionando com pessoas mais jovens do que eu e isso também me torna um pouco mais jovem. Ao mesmo tempo, posso dividir um pouquinho da experiência que eu tenho com eles. É uma convivência muito legal”, relata.
A idade mínima para participar é de 13 anos e não há idade máxima permitida. As inscrições são abertas de acordo com a necessidade a orquestra. Caso precise de um guitarrista no grupo, é aberta uma vaga para início das aulas. “Mais questão de formação e sonoridade. É preciso de um equilíbrio sonoro”, explica Marcelo.
O grupo aguarda, então, o aluno aprender o necessário em até um ano de aulas, para que ele se integre. Ocasionalmente, novas inscrições são divulgadas no site da prefeitura.
Oportunidade de crescer
Vadislau considera a música como um excelente exercício pra mente e corpo. “Eu vejo essa molecada fazendo aula e se dedicando, e é muito melhor do que estar no celular, na internet ou até mesmo na rua”, diz.
“A arte musical, em si, é fascinante. Mexe tanto com um campo emocional, quanto uma cidade”, conta Paula. “A música é uma das principais manifestações culturais. Então, procuramos fazer coisas do cotidiano da cidade, para dessa forma estar implementando outros repertórios no futuro, que não fazem parte do que está habitado a ouvir”, complementa.
De acordo com o maestro, a ideia para o futuro é aumentar o grupo, possibilitando mais inscrições. “Tem espaço para todo mundo, a intenção é realmente crescer, expandir e melhorar o nível cada vez mais”, finaliza Vadislau.