Hoje é dia de prestar atenção nos filmes perturbadores – e premiados – de 1978. Talvez seja uma questão do espírito daqueles tempos, mas o fato é que temos aqui vários filmes que analisam criticamente vários aspectos da cultura norte-americana, com destaque para a Guerra do Vietnã, que havia sido oficialmente encerrada quatro anos antes.

Começamos, é claro, pelo ganhador do Oscar de melhor filme, O Franco Atirador. E não só: ganhou também o prêmio por melhor diretor (Michal Cimino)e melhor ator coadjuvante (Christopher Walken), além de dois prêmios técnicos. É um daqueles filmes em que a guerra é vista sob o ponto de vista do estrago que faz nas vidas das pessoas comuns.

Na mesma categoria e no mesmo ano temos Amargo Regresso, de Hal Ashby, que centra atenção nos veteranos da guerra. Levou três prêmios no Oscar: melhor ator, para John Voight, melhor atriz, para Jane Fonda e melhor roteiro original. Por tratar de um irresistível triângulo amoroso, fez um super sucesso na época. Irresistível, não é?

E por falar em filme perturbador que fez muito sucesso, vamos direto para O Expresso da Meia-Noite, a história real (que ganhou o Oscar de roteiro adaptado) do jovem norte-americano que foi preso na Turquia por contrabando de haxixe. Uma daquelas realidades que eram bastante desconhecidas, antes do filme estourar. O filme ganhou outro Oscar, o de trilha original, composta por Giorgio Moroder.

Pessoalmente, acho que o filme mais perturbador de 1978 é Pretty Baby, dirigido por Louis Malle e protagonizado por uma Brooke Shields ainda dois anos mais jovem do que em seu filme mais conhecido, Lagoa Azul.

A história é passada em 1917, em New Orleans. Violet, criada em um bordel, chega aos 12 anos pronta para ter sua virgindade leiloada. Preparada para viver como prostituta, ela vive seu papel de menina sedutora sem aparente sofrimento, até engrenar um romance com o fotógrafo – adulto – vivido por Keith Carradine.

Talvez fosse um filme impensável nos dias de hoje, talvez o escândalo causado por ele fosse maior hoje do que no final dos anos 70.

Ao contrário, um filme que causou estranhamento na época deve ser, hoje, daquele tipo super datado. Mas, lançado um ano apenas depois da regulamentação do divórcio no Brasil, Uma Mulher Descasada, estrelado por Jill Clayburgh, foi a inspiração para muitas mulheres na mesma situação: trocadas por mulheres mais jovens de pois de muitos anos de casamento.

A programação continua na próxima semana…