Os primeiros meses do ano são sempre iguais: apaixonados por cinema e viciados em premiações correm desesperadamente atrás dos principais filmes indicados, tentando montar um cenário pessoal e escolher os preferidos para torcer na noite da cerimônia do Oscar.

Como sempre, a gente parte do pressuposto que a Academia e demais associações sabem do que estão falando e que vão indicar só os melhores dos melhores de cada ano. Taí uma ilusão que a gente já devia ter perdido, faz tempo… mas é mais forte do que a razão!

A safra de 2018 é bem assim. Filmes que eu jurava que ia amar me causaram alguma decepção… e outros, talvez menos incensados pela crítica, surpreenderam positivamente, na minha visão pessoal e intransferível, bem entendido.

The Post

Gosta de cinemão, bem no melhor formato hollywoodiano? Então você vai achar que o filme de Spielberg foi subestimado, com apenas duas indicações (melhor filme e melhor atriz). Dificilmente leva alguma estatueta careca. Mas é um filme muitíssimo palatável, especialmente para quem gosta de jornalismo e de História. Mais especialmente ainda para quem tem Todos os Homens do Presidente na memória cinematográfica, já que os dois filmes se unem para formar um quebra-cabeça político muito esclarecedor.

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Um dos filmes mais “apostáveis” – e com mérito. Nada melhor do que uma história não óbvia, sem limites claros entre “mocinhos” e “vilões”, com atuações soberbas e um final surpreendente. Provavelmente leva os prêmios de melhor atriz (Frances McDormand está insuperável!) e de melhor ator coadjuvante. Eu aplaudiria em pé se também ganhasse Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. Será que é pedir demais?

Corra!

Eu fiquei com medo de assistir, medo de que fosse pesado demais, terror explícito demais. Felizmente, corri (hahaha) o risco, com um empurrão amigo do músico e cinéfilo Bruno Kohl. Valeu a pena. Corra! tem 4 indicações ao Oscar – Melhor Filme, Diretor e Ator. Todas merecidas. Especialmente porque o filme foge, o tempo todo, da obviedade. Nada melhor do que não adivinhar o que vem em seguida, certo?

Trama Fantasma

O azarão do Oscar, aquele que quase ninguém imaginou que seria indicado a melhor filme, é intrigante. Deixa memórias na gente, deixa questionamentos. Mas não é um filme ágil, que fique bem claro. É mais lento do que o padrão a que fomos acostumados. O diretor é Paul Thomas Anderson, o mesmo de Boogie Nights, Magnolia, Vício Inerente, O Mestre… ou seja, aqui temos uma longa tradição de filmes que causam desconforto. E isso é bom.

                A Forma da Água

O campeão em indicações, treze no total, deve ser o campeão em prêmios, a não ser que sejamos muito surpreendidos (como ano passado?). Hoje, o mundo se divide entre os que amaram a nova fábula de Guillermo del Toro e os que acharam que o filme não merece tanto hype. É lindo, cheio de referências, mas também é cheio de clichês e inconsistências. Não é um filme para ser ignorado… mas, pessoalmente, não acho que mereça uma enxurrada de estatuetas.

O Destino de uma Nação

Ou… o filme que vai dar o Oscar de melhor ator para Gary Oldman. É uma aposta segura. O filme vai além da estupenda atuação de Oldman como Churchill, mas é ele quem se destaca, sem dúvida. Mais uma vez, é filme para quem gosta de História, mesmo que a História seja temperada com um bocado de ficção. Não dá para não comparar o Churchill do filme com o da série The Crown (em que ele foi vivido por John Lithgow), chegando a um empate multipremiado.

O ideal é assistir ao filme e, em seguida, engatar Dunkirk, que também concorre a Melhor Filme e que mostra um outro lado do mesmo evento histórico.

Temos mais filmes para a semana que vem? É claro! Incluindo alguns dos melhores do ano: os filmes de animação.