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Os prognósticos das negociações salariais entre trabalhadores e empresários de Brusque e região em 2017

Maior parte das negociações inicia agora, para ter desfecho em maio

Em alguns meses, serão abertos oficialmente os períodos de data-base para negociações salariais das principais categorias de trabalhadores de Brusque. No entanto, as conversas extraoficiais para alinhavar os pedidos de reajuste já tem acontecido, como forma de evitar longas discussões em maio, mês em que a maior parte dos sindicatos fecha os acordos de reposição salarial.

Para algumas categorias de trabalhadores, as negociações salariais devem fluir com mais harmonia neste ano. Aníbal Boettger, presidente do Sintrafite, sindicato que representa trabalhadores do setor de fiação, malharia, tinturaria e tecelagem, acredita que este ano será melhor do que o do ano passado, no que se refere ao reajuste salarial.

Ele afirma que neste ano o setor está bastante aquecido, sobretudo a produção das tinturarias, pelo menos neste começo de ano, o que dá margem para uma boa negociação salarial, na visão do sindicalista.

Boettger diz que, nos últimos anos, tem havido bom senso dos trabalhadores sobre a situação financeira delicada do país, que acabou por complicar a vida das empresas.

Ele espera que, agora, os trabalhadores sejam “recompensados” e tenham um aumento real, ou seja, acima da inflação neste ano. A data base da categoria é em maio, mas as negociações devem iniciar, extraoficialmente, já no próximo mês.

No ano passado, os trabalhadores ganharam reajuste de 9,83%, correspondente à variação da inflação dos meses anteriores.
A previsão de uma negociação tranquila também é compartilhada pelo sindicato patronal.

Marcus Schlösser, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem Brusque e Itajaí (Sifitec), afirma que a negociação só se encerra após o fechamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de abril, que serve como base para a reposição salarial, já que a data-base da categoria é em maio.

“Eu não acredito que vá ser muito difícil [a negociação salarial]. A coisa tem sido conduzida de uma forma tranquila nestes últimos anos”, afirma Schlösser.

Ele diz que, nos últimos anos, tem se chegado a bons termos de negociação, porque “está bem clara a noção de que se tem que ver o conjunto do setor, e qualquer ação tomada, qualquer negociação, tem sido levada com responsabilidade, na questão de sustentabilidade do setor”.

Ver os dois lados

O setor da construção civil é outro que deve ter negociações favoráveis em 2017.

Isaías Otaviano, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brusque (Sintricomb), diz que as negociações com o sindicato patronal, durante os últimos anos, tem transcorrido “com muita responsabilidade”.

Ele reconhece que, para isso, é preciso que ambos os lados cedam um pouco.

“Quando há uma negociação coletiva, não dá para a gente vê só o lado do trabalhador, tem que ver o lado das empresas também. A gente espera que este ano seja tranquilo”, avalia o sindicalista.

As conversas para a data-base da categoria, que é em maio, já iniciaram. “Certamente será uma negociação rápida, tenho certeza que em uma ou duas reuniões vamos decidir”, afirma Otaviano.

Negociações difíceis

Mas nem todos os setores terão negociações tão tranquilas. Rita Conti, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Brusque, Botuverá, Guabiruba e Nova Trento (Sindivest), prevê dificuldades das empresas do setor pagarem até a inflação como reajuste.

“Tem que ser o INPC puro, só o repasse, porque está muito complicado ainda. É hora de manter os empregos, e não de aumentar custos”, afirma Rita.

Ela diz que a economia ainda não reagiu como era esperado pelos empresários, apesar de haver a expectativa, e que a indústria ainda não está tão bem das pernas para conceder reajustes substanciais.

Rita diz que reajustes maiores podem levar as empresas a demitirem, e isso é o que se quer evitar, no momento. No ano passado, o reajuste da categoria foi a variação da inflação no período pré data-base, que foi de pouco mais de 9%.

“Esse ano, se nós conseguirmos isso, temos que ficar felizes, mas o pessoal está propondo menos”, afirma Rita. “Estamos muito otimistas, mas com pé no chão, ninguém está investindo”.