Os shows internacionais de 1988 no Brasil

Semana passada, a gente relembrou os shows que transformaram a história roqueira de Brusque em 1988 em um marco inesquecível. Hoje, pegamos a estrada e vamos ver o que aconteceu no Brasil, naquele quase final de década em que shows internacionais frequentes ainda eram um fenômeno recente por aqui. Como a gente sabe, tudo mudou e acelerou a partir de 1985, com a primeira edição do Rock in Rio. Podemos falar mal da escalação e do intuito comercial do festival criado por Roberto Medina… mas que ele colocou o Brasil no mapa dos shows – e os shows no mapa do Brasil – é algo completamente inegável.

Mas 1988 não teve Rock in Rio. Teve, sim, o primeiro Hollywood Rock “da era moderna” – já que, segundo a Wikipedia, havia acontecido uma primeira edição do festival no longínquo ano de 1975. Produzida pelo onipresente Nelson Motta.

De 1988 a 1996, o Hollywood Rock foi o principal festival internacional nas terras brasileiras, com atrações cada vez mais relevantes. Em 88, os nomes estrangeiros foram de Pretenders a Supertramp, passando por Simple Minds, UB40, Simply Red e Duran Duran. Mais os brasileiros Ira!, Titãs, Paralamas, Ultraje, Lulu Santos, Marina. Quase um resumo da época.

O ano teve muitos shows internacionais “menores” – em São Paulo. Entre eles, Iggy Pop, Jethro Tull, Toy Dolls, The Mission, Mighty Lemon Drops e The Church no saudoso Projeto SP; James Brown no Palace. Tina Turner no Pacaembu. Teve até Free Jazz Festival no Anhembi, com direito à maravilhosa Nina Simone. Claro, os também saudosos Aeroanta e Dama Xoc abrigavam uma quantidade enorme de shows nacionais, entre eles o da estreante Marisa Monte.

Mas talvez o show internacional mais marcante do ano tenha sido a Human Rights Now Tour, também conhecida como Show da Anistia (o nome se justifica porque a turnê foi promovida pela Anistia Internacional). O falecido Parque Antártica recebeu uma quantidade inédita de grandes estrelas, em uma única noite. Representando o Brasil, um super digno Milton Nascimento. Pela África, Youssou N’Dour, o repertório menos conhecido do evento. Tracy Chapman, em pleno sucesso, com seus hits Fast Car e Baby Can I Hold You.

E os gigantes. Sting, em plena fase de amor pelos índios e amizade com o cacique Raoni (que foi chamado ao palco). Bruce Springsteen, com a mesma competência e emoção que leva até hoje para os palcos. E Peter Gabriel, com um show que, para mim, superou todos os outros na capacidade de ficar na memória.

Imitando a meninada memética de hoje: é épico que fala?

• As imagens com legendas foram escaneadas da cobertura que a Bizz fez.