Brusquense enfrenta tratamento de câncer de mama em Dubai com determinação

Daiane Gallasini, de 29 anos, diagnosticada em abril deste ano

Brusquense enfrenta tratamento de câncer de mama em Dubai com determinação

Daiane Gallasini, de 29 anos, diagnosticada em abril deste ano

“Eu me permiti chorar! Disse a mim mesma que aquele dia, e aquele dia apenas, estaria destinado às minhas lágrimas, pois eu teria um longo caminho a seguir e precisaria ser forte – coisa que ninguém poderia fazer por mim”. Essa foi a reação da brusquense Daiane Gallassini, de 29 anos, diagnosticada com câncer de mama em abril deste ano.

A comissária de bordo da Emirates Airlines, uma das maiores companhias aéreas do mundo, nasceu e viveu em Brusque até 2010. Há quatro anos mora em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde descobriu a doença e realiza o tratamento. Daiane conta que três dias antes de sentir o nódulo, um passageiro bateu com o cotovelo, involuntariamente, no seu seio esquerdo. Foi aí que percebeu que havia algo estranho e procurou um médico para verificar se tinha um machucado. No entanto, o doutor disse que era algo “da sua cabeça”. Desconfiada do diagnóstico, procurou outro profissional no dia seguinte e então descobriu que estava com a doença. “Nem no meu pior pesadelo sonhei que fosse câncer. Pensei logo na minha irmã, em como contar, como ela reagiria”.

Daiane diz que os primeiros exames e o tratamento do câncer foi realizado em Dubai. “Fui ao médico num domingo, na segunda-feira já fiz todos os exames – biópsia, ultrassom e mamografia, e na quinta-feira já tínhamos os resultados em mãos”. Duas semanas após o diagnóstico já estava agendada a inserção do cateter e em menos de três semanas a primeira dose de quimioterapia foi aplicada.

As médicas prescreveram inicialmente 16 sessões de quimioterapia – quatro vermelhas e 12 brancas, a cirurgia e a radiação. Em meio ao tratamento, por recomendação médica, ela retirou as duas mamas e fez a reconstrução imediata.

Até o momento, Daiane fez 15 sessões de quimioterapia, e o tumor desapareceu completamente. “Os médicos consideram uma resposta brilhante ao tratamento. O suporte é muito importante. Eu me considero uma pessoa de sorte de ter sido diagnosticada em Dubai e ter acesso à tecnologia e aos médicos daqui. Até mesmo as enfermeiras são muito atenciosas e carinhosas, sempre atentas e dispostas”, conta.

“Descobri que a força vem de dentro. E que apesar de sozinha, estava mais forte que nunca”. – Daiane Gallassini – diagnosticada com câncer de mama neste ano

A irmã de Daiane esteve em Dubai, com ela, no começo do tratamento. Por dez dias, a brusquense também conseguiu um intervalo entre as sessões vermelhas e brancas e veio ao Brasil para estar com a família. “Consegui também trazer minha tia Tita, que tem sido de grande importância na recuperação de minha cirurgia”.

Durante o tratamento, ela conheceu o grupo Pink Ladies 24/7, do qual faz parte. São mulheres de diversas nacionalidades e cidades que passaram pela experiência do câncer de mama, onde se comunicam por meio de um grupo de WhatsApp e realizam encontros mensais.

Daiane conta que sua mãe teve câncer de mama com 39 anos, e que por isso sempre foi uma preocupação fazer o autoexame. Pelo menos uma vez por mês ela fazia, além de ir ao ginecologista anualmente. A mãe de Daiane descobriu o câncer no estágio 4, já com metástase, e faleceu três anos após o diagnóstico. “Tenho muito orgulho dela. Teve força e manteve o sorriso no rosto até o último momento. Nela que me inspirei. Pensei: tenho que fazer no mínimo igual a ela ou melhor”.

Câncer de mama 2
Por recomendação médica, Daiane precisou retirar as duas mamas. / Foto: Paul McLeod Photographer/Divulgação

Aprendizado

Daiane diz que o susto é imensurável, e que o desespero, medo e insegurança são presentes nos primeiros dias. “Aos poucos estes sentimentos se foram e outros vieram, e a cada novo sentimento eu fui crescendo e aprendendo. Uma amiga uma vez me disse que precisamos aprender nos permitir sofrer, de uma forma em que os sentimentos venham, sejam avaliados, digeridos, trabalhados e expelidos. Nenhum sofrimento é tão minúsculo que não mereça atenção e nem tão grande que não possa ser aliviado”.

Daiane também afirma que no início pensou que sofreria mais que o necessário, por não ter a família perto. No entanto, segundo ela, foi mais um aprendizado. “Descobri que a força vem de dentro. E que apesar de sozinha, estava mais forte que nunca”.

Ela diz que neste momento, a pessoa diagnosticada precisa de compreensão. “Precisamos de apoio. De qualquer forma que seja, até mesmo da mais simples e eficaz: um abraço”.

Para ela, o autoexame é muito importante para conhecer o próprio corpo e estar atento às mudanças que nele ocorrem. “Toque-se e confie em si mesmo. Se achar algo que parece estar errado, procure seu médico. Se ele te der uma resposta que não te deixou satisfeito, procure outro. Mais vale dois nãos do que um ‘e se'”, alerta.

O futuro

Daiane ainda precisa terminar o tratamento, caso a radioterapia seja necessária. Depois pretende vir a Brusque ficar com a família, para depois retornar para Dubai e decidir sobre sua carreira. “Contudo, pro futuro trabalharei em busca de muito mais paz interna e tranquilidade”, afirma.

 

 

 

 

 

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