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“Ainda estou vivo”

Em sua viagem apostólica recente à República da Eslováquia, a notícia do Vaticano (ACI 22/09/21), relata que “o papa Francisco disse que, depois de sua operação de diverticulite no cólon, realizada em Roma no dia 4 de julho, alguns o queriam morto e já preparavam o conclave para escolher seu sucessor. Francisco disse isso a […]

Em sua viagem apostólica recente à República da Eslováquia, a notícia do Vaticano (ACI 22/09/21), relata que “o papa Francisco disse que, depois de sua operação de diverticulite no cólon, realizada em Roma no dia 4 de julho, alguns o queriam morto e já preparavam o conclave para escolher seu sucessor. Francisco disse isso a 53 jesuítas com quem se encontrou no dia 12 de setembro, em sua viagem apostólica à Eslováquia.

“Um dos jesuítas perguntou ao papa sobre como estava a sua saúde. Francisco respondeu: “Ainda estou vivo. Embora alguns me queriam morto. Sei que houve inclusive reuniões entre bispos que pensavam que o papa estava mais grave do que se dizia. Preparavam o conclave”.

O Papa Francisco, com seu bom humor característico dele e contagiante, a uma pergunta que um Jesuíta lhe fez a respeito de sua saúde, respondeu: “Paciência! Graças a Deus, estou bem. A operação foi uma decisão que eu não queria tomar: foi um enfermeiro que me convenceu”. Sobretudo, pediu “paciência” para aqueles que já estavam se movimentando para preparar o “conclave”. Para aqueles que não sabem, é a assembleia dos cardeais eleitores do Papa.

A conversa foi acontecendo e, a certa altura dessa fala, o Papa falou de uma “tentação de voltar atrás”, que, segundo ele, “estamos sofrendo hoje na Igreja”, uma tentação à qual se referiu como “a ideologia da volta atrás”. Mas, acrescentou que: “Na realidade, não é um problema universal, mas sim específico das Igrejas de alguns países. A vida nos dá medo”, disse o papa.

E disse mais: “A liberdade nos assusta. Em um mundo tão condicionado pelos vícios e pela virtualidade, nos assusta ser livres”. Ele afirmou que “hoje se volta ao passado para buscar segurança”. E acrescentou: “Temos medo das encruzilhadas de que nos falava Paulo VI. Este é o mal deste momento. Buscar o caminho na rigidez e no clericalismo, que são duas perversões”, afirmou ele. “Voltar atrás não é o caminho certo. O caminho é ir em frente, com discernimento e obediência”, disse Francisco.

Tenho impressão que essa atitude, hoje, não acontece só na Igreja. Esse modo de pensar e de agir que o Papa intitula de “ideologia da volta atrás” não é exclusividade da Igreja. Nota-se o mesmo movimento na Política, em grande parte dos países. Não só no nosso. Pessoas com saudade e com vontade de voltar à Política do século XIX. Outros, do século XX, em sua primeira metade.

Tal atitude, parece-me, é embarcar em uma “canoa furada”, onde outros, já afundaram e agora querem companheiros de infortúnio e de escravidão. O Papa Francisco alerta: “A ideologia”, tem sempre um encanto diabólico, porque não se encarna. Neste momento vivemos em uma civilização de ideologias, isso é certo. Temos que desmascará-las pela raiz”.