Cena bela e edificante
Tarde do dia 29 de dezembro de 2019. Último domingo do ano. A Igreja Católica, neste dia, celebrava, liturgicamente, a Solenidade da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, conhecida também como a Família de Nazaré. Andava eu, fazendo minha caminhada na Beira Rio, lá pelas 18h. Com sol ainda bem presente, quase defronte ao Sesc (Instituição coordenada pelo simpático, dinâmico e prestativo Palmito), quando deparei com uma cena bela e edificante. Não sou muito bom nestas descrições, mas vou tentar.
A cena representava uma, aliás, creio que eram duas famílias (não tenho certeza, mas mentalmente, agora, tento rever, e tenho impressão que eram dois casais e umas cinco ou mais crianças), todos ao redor de uma espécie de toalha, com comida e outros objetos que as crianças se serviam para brincar.
Alguém em pé, com o inseparável celular, fazendo a função de máquina fotográfica, estava registrando o acontecimento. Tudo isso debaixo das belas e frondosas árvores que ladeiam o rio Itajaí-Mirim. Penso que era um piquenique, em família. Pessoas que, pelas suas aparências, são migrantes. Possivelmente, do nordeste brasileiro ou de algum país latino-americano.
Deu-me a impressão de serem pessoas afeitas à vida mais em contato com a natureza. Hoje, quem sabe, estão morando em algum pequeno apartamento ou casa sem espaço externo e estão aproveitando um espaço público, bem arejado e bucólico ao longo do rio e debaixo de árvores que os resguardam de sol escaldante, para um lazer em família.
A cena me fez recordar, quando estava em Roma, a fim de buscar subsídios para o exercício da profissão de professor de Filosofia, na Universidade Gregoriana de Roma, que, aos domingos, quando as circunstâncias permitiam, ia ou no Parque Doria Pamphili ou no Parque Villa Borghese, para passar uma tarde diferente e espairecer um pouco das pesquisas na elaboração da tese de doutorado em Filosofia.
Aí, se via, com frequência, cenas semelhantes de famílias, casais ou grupos de pessoas amigas, em cima da grama, com seus apetrechos próprias curtindo o sol ou a sombra das árvores. Claro que lá são parques famosos mundialmente, com todos os cuidados e atrações possíveis.
Todavia, na minha andada, pensei: porque não aproveitar esse espaço público de maneira sustentável. Por que não multiplicar essas cenas que presenciei? Não sei se alguém já tentou. Não tenho conhecimento. Mas, faço uma sugestão aos vereadores para que sensibilizem o governo municipal para, pouco a pouco, preparar toda aquela área pública para que mais famílias ou grupos de pessoas possam se servir, desfrutando de bons momentos ao ar livre, em lugar sadio.
Claro que para isso acontecer, necessário se faz um bom conjunto de normas, bem racionais, precisas, sensatas, viáveis, corroboradas com uma fiscalização rigorosa, sobretudo, quanto à higiene, barulhos, respeito à natureza, etc, etc… Não se trata de invasões de pessoas, explorando outras de alguma forma. Mas, de aparelhar, de maneira digna e apresentável uma área de lazer pública, que possa suprir a grande carência de nossa cidade de áreas desse naipe. Por que não aproveitar o que já está aí e aparelhar o espaço público para que seja mais bem usufruído por mais pessoas. Creio que com o tempo, se bem conduzido o projeto, tornar-se-ia mais um espaço para o povo se servir para um lazer saudável.
O que impede de executar esse projeto? Será que algum ecologista ou ambientalista iria contra? Note que disse que não seria uma invasão à natureza, mas um aproveitamento de um espaço público, de maneira sustentável, colocando-o à disposição da população para mais uma opção de lazer, tão necessário para uma vida saudável. Será tal atitude uma agressão à nossa Casa Comum, na bela expressão do Papa Francisco?