De que ciência você está falando?
No artigo anterior, tentei dar algumas indicações para a compreensão do que se entende, hoje, por Ciência. Hoje, continuo também tentando aclarar o que me parece que não está sendo levando em conta, por muitos, que fazem parte dos que são chamados de “formadores da opinião pública”. De fato, essas pessoas deveriam ter mais cuidado com certas questões que fazem parte da vida diária de todos, tanto homens como mulheres. A Ciência é uma dessa questões. Nesses tempos de pandemia da Covid-19, então, passou a fazer parte de todos os noticiários jornalísticos, programas diversos da mídia, das redes sociais, das conversas em todos os ambientes socioculturais….
Usa-se o termo Ciência, quase sempre como se fosse uma realidade pronta, definida, acabada, aplicável a todos os fatos, um “pacote”. Não se questiona, por exemplo, “que Ciência”? Porque a Ciência, não é um “monolítico”, um “todo” pronto, utilizável em qualquer circunstância ou situação. Não se leva em conta, por exemplo, que a Ciência pode ser visualizada sob dois aspectos fundamentais: 1º A Ciência já feita – tal como é ensinada; 2º A Ciência- Processo – que está sendo feita.
A primeira é a disciplina, aquela que é ensinada nos bancos da escola – Ciência formalizada – que o professor passa para os estudantes. Estes, por sua vez, aceitam a disciplina, que faz parte da grade curricular da escola, que lhes é administrada pelos professores e pelos livros.
A segunda – Ciência-Processo – é a Ciência em vias de fazer-se. É a Ciência que o cientista realiza e que pode ser dividida em duas fases: 1ª -a própria pesquisa (por exemplo, a pesquisa a respeito das vacinas para combater a Covid-19). São os procedimentos de investigação a respeito da temática selecionada para a pesquisa.
2ª – A divulgação de seus resultados, obtidos após os experimentos todos realizados, seguindo a metodologia científica.
A Ciência que está presente, nesse tempo de pandemia da Covid-19, é, sem dúvida, a Ciência- Processo. Está se fazendo, portanto, seus resultados têm seu valor, não há dúvidas, mas é preciso ter presente que, a metodologia científica, exige o seguimento, sem concessões das próprias fases necessárias, para chegar a conclusões que possam dar indicações plausíveis e aceitáveis a respeito dos dados (fatos) pesquisados.
Uma das condições necessárias, entre outras, está o fator tempo da pesquisa, conjugado com a amplidão dos experimentos realizados. Sabemos que não houve tempo necessário para uma pesquisa mais aprofundada dos fenômenos, para ver todas as possíveis variáveis que podem ocorrer. Por isso, toda cautela, tem que estar presente.
Por isso, penso que seria muito útil e necessária, a distinção entre a Ciência ensinada – como se fosse um “pacote”, a fim de facilitar a didática, e muitas vezes, ministrada de forma dogmática. E outra coisa é a Ciência-pesquisa que, claramente, representa uma realidade inacabada, sempre em fase de ampliação, retificação e inovação.
Essa, parece-me, é a Ciência que deveria ser levada em conta, nesse momento histórico.