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De quem é a culpa?

Com frequência, escuta-se essa pergunta: “de quem é culpa? ”. Normalmente, afirmamos que é dos outros ou de alguma instituição sociocultural. Raras vezes, incluímo-nos, como corresponsáveis. A Papa Francisco no domingo, dia 29/10/21, falou-nos: “Quantas vezes culpamos os outros, a sociedade, o mundo, por tudo aquilo que nos acontece! É sempre culpa dos outros: das […]

Com frequência, escuta-se essa pergunta: “de quem é culpa? ”. Normalmente, afirmamos que é dos outros ou de alguma instituição sociocultural. Raras vezes, incluímo-nos, como corresponsáveis. A Papa Francisco no domingo, dia 29/10/21, falou-nos: “Quantas vezes culpamos os outros, a sociedade, o mundo, por tudo aquilo que nos acontece! É sempre culpa dos outros: das pessoas, de quem governa, do azar, e assim por diante. Parece que os problemas chegam sempre de fora. E passamos tempo distribuindo as culpas, mas passar o tempo culpando os outros é perder tempo”.

Infelizmente, é a realidade nua e crua. Somos pródigos em acusar os outros pelos males e problemas que nos assolam e muito parcimoniosos em reconhecer a nossa parcela no conjunto de males e problemas socioculturais presentes. Somos, nesse particular, por demais condescendentes conosco e severos e injustos com os demais. Sem dúvida, é um atestado de imaturidade e irresponsabilidade, em nosso comportamento.

Essa atitude é recorrente em todos os ambientes que frequentamos e participamos, mesmo que seja de modo indireto. Sempre encontramos uma desculpa ou motivação para nos “incluir fora” de qualquer responsabilidade. Quase sempre encontramos um culpado ou famoso “bode expiatório”. Também, com raras exceções, é sempre alguém ou algo que não é elencado no catálogo de nossas simpatias, afinidades ou preferências. Por isso, o “culpado” tem nome, até sobrenome. Ou ainda, é expresso num “pronome”: “ele”, “eles”, ou então, por meio do recurso do “impessoal”: falou-se, escutei, comentou-se…..

O Papa Francisco é alguém que conhece bem o ser humano. Conseguiu isso graças ao seu estilo de vida que sempre cultivou: estar sempre com o povo. Assim, viveu como padre e também como bispo e cardeal, seu ministério pastoral em Buenos Aires. Com frequência, nas periferias com os mais necessitados. Com certeza, lá percebeu bem o comportamento do ser humano, em sua vida, nos vários ambientes, dos mais no topo da hierarquia do poder sociopolítico, econômico, religioso, militar, policial… até os mais esquecidos, sem voz e vez.

Desse estilo de vida, iluminado sempre pela sua espiritualidade, certamente, tirou o que afirmou: “se olharmos dentro de nós, encontraremos quase tudo aquilo que detestamos fora. E se com sinceridade pedirmos a Deus para purificar o coração, aí sim, começaremos a tornar o mundo mais limpo. Porque há um modo infalível para vencer o mal: começar a derrotá-lo dentro de nós”.

E acrescentou e encorajou os fiéis a pedir “hoje ao Senhor que nos liberte de culpar os outros. Peçamos na oração a graça de não desperdiçar o tempo poluindo o mundo com reclamações, porque isso não é cristão. Jesus nos convida a olhar a vida e o mundo a partir do nosso coração”.

Mais ainda: “Quantos de nós, num momento do dia ou da semana, somos capazes de acusar a si próprios? ´Sim, mas esta pessoa me fez isto, fez aquilo, o outro fez uma barbaridade… Mas eu. Eu faço o mesmo. É uma sabedoria aprender a acusar a si mesmo. Tentem fazer isto, lhes fará bem. A mim faz bem, quando consigo fazê-lo. Mas a todos fará bem”, concluiu o papa.