Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

E la nave va…

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

E la nave va…

Pe. Adilson José Colombi

Terminadas as festividades de Natal, com toda a sua agitação que as precedem e mais os preparativos para o final e início do ano, tudo isso deixa a vida pessoal, familiar e social com outro sabor e colorido. Há, no ar, um clima de renovação, de promessas, de expectativas, de novo ânimo, de desejos e vontades a serem satisfeitos. Tudo parece gritar por “algo a mais” que no ano anterior deixou de dar respostas. 

Diante dessa realidade, a grande maioria não sabe bem o que seja “esse algo a mais” que não foi realizado. Todavia, cultiva essa expectativa ao iniciar mais um ano de vida. Mas, pouca clareza tem do que poderia ser feito. Não foram educados para uma vida mais planejada, com objetivos e metas, além de revisões e avaliações dos “porquês” e dos “para quês”, necessários para um bom desempenho em todos os empreendimentos da vida. Acham que é melhor deixar a vida fluir, com seus altos e baixos. Deixar a barca navegar: “E la nave va…”. Seguindo a velha canção: “Deixa a vida me levar…”.

Outros, porém, mais racionais e conscientes, após ter feito um levantamento dos ganhos e das perdas do ano que findou, examinando com bastante atenção os “porquês” e os “para quês” que possibilitaram esses resultados, fazem suas propostas de vida para o novo ano com alguns objetivos e metas a alcançar. 

O problema dessas propostas está sempre, em grande parte, na viabilidade e nas possibilidades de sua execução do jeito que foram pensadas. Acresce também contar com os sempre possíveis imprevistos que na maioria das vezes exigem uma nova programação da vida.

A grande dificuldade, porém, está em poder considerar em todo esse planejamento o que pode ocorrer no ambiente sociocultural ao longo desse novo ano. São tantas as variáveis que nem o mais bem preparado cientista político ou econômico tem os elementos básicos para dar uma possível resposta satisfatória. Com efeito, são tantas as condições e circunstâncias que podem ser alteradas, de um momento para o outro, ao longo de um ano. 

De fato, talvez esse aspecto da vida: as possíveis alterações de tudo o que é compreendido, no meio ambiente, que circunda a minha pessoa que mais dificulta o nosso existir. Creio que possa ser identificado na palavra “circunstância” que o filósofo espanhol Ortega y Gasset, se serviu na célebre expressão: “Eu, sou eu e minha circunstância”. Com essa palavra “circunstância”, ele entendia todo o entorno de uma pessoa, compreendendo todas a dimensões da vida humana em todas as suas manifestações. Tudo isso nos remete a uma complexidade e a imprevisibilidade que não há como poder antecipar ou previamente tentar se munir com os possíveis remédios.

Essas considerações todas, aparentemente, dão a impressão que não vale a pena planejar nossa vida porque são tantas as possíveis contrariedades que parece mais racional deixar a “vida me levar” como alguém já cantou por aí. Não é bem assim! Embora a vida ofereça toda essa precariedade, todavia, é oportuno e muito proveitoso traçar a cada ano que se inicia um planejamento, por mais simples que seja, com seus objetivos e metas, possivelmente com as estratégias mais acessíveis e viáveis possíveis. Sempre dentro da realidade por mais nua e crua que ela seja, sem exageros ou alvos por demais altos, que desde o início se mostram inalcançáveis. Sem dúvida, é uma medida inteligente, útil e profundamente proveitosa para quem a pratica.

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