A família educa para a vida
A família é uma grande escola de vida. Como toda escola tem suas deficiências e defeitos. O que fazer para que seja uma escola saudável e eficiente? É, certamente, o que se passa na cabeça de todo o pai e de toda a mãe que se predispõe a chamar alguém para a vida. Boa parte, deles, se manifestam em público, afirmando com frequência: “Quero dar para meus filhos o que não tive” ou “não vou deixar que meus filhos passem o que eu passei…”. Será uma boa prática tal disposição. Creio que não. Aliás, não é difícil de encontrar exemplos que provam o contrário.
Claro que, nos primeiros anos de vida, a necessidade do filho ou da filha exige a presença dos pais e seu cuidado bem mais intenso e quase não deixando possibilidade para muitas escolhas ou iniciativas. Mas, na medida do desenvolvimento, necessária se faz uma maior faixa de liberdade para que possa, pouco a pouco, assumir a conduta de sua vida, tornando-se adulto, com responsabilidade e maturidade pelos seus atos. É evidente que os pais têm que estar atentos ao processo próprio de desenvolvimento integral da personalidade do filho ou da filha. Não há um modelo, um “manual de fabricação e de uso” para conduzir esse processo. Cada filho ou filha é uma obra prima da Criação. É único (a), sem cópia, sem duplicata. É irrepetível.
Não é tarefa fácil. Cada pai e cada mãe, creio que tem consciência disso. Encontrar o justo e sadio equilíbrio na condução do exercício da liberdade é talvez o maior desafio, na educação e formação do filho (a), que está desabrochando para a vida. Usando uma imagem, não tão bem apropriada, mas que pode dar uma ideia: não se pode deixar as rédeas muito folgadas e longas, nem tão pouco apertadas e curtas, em demasia.
Aí, está o “jogo” da educação e da formação. Para conduzir esse “jogo” não dá para improvisar ou simplesmente se aventurar, segundo o último livro lido ou último “perito” em pedagogia educacional visto e escutado, em um programa de TV ou rádio. A formação de um ser humano, tão frágil e limitado, não basta querer com as melhores intenções possíveis “dar o que não tive” ou “não deixar acontecer em sua vida o que sofri”. A educação e formação de uma pessoa humana exige muito mais do que boa vontade e intenção de acertar.
Não dá de viver, no processo de educação e formação de uma pessoa humana, de uma utopia, como aquela que quer criar os filhos impermeáveis as necessidades, sofrimentos, frustrações, decepções, insucessos nos empreendimentos…. Normalmente, já no processo ou quando já adultos (as) vão sofrer mais ainda. Pior ainda, com frequência tornam-se para os outros insensíveis, intolerantes, déspotas, não se aceitando a si mesmos ou “mordendo-se” de inveja e, por vezes, de raiva e até de ódio de si e dos demais. Sentem-se estranhos ao mundo, a si mesmos porque não conseguem realizar o que desejam, apesar das tentativas, quase sempre sem sucesso porque não foram educados para enfrentar dificuldades e desafios. Os pais sempre supriram tudo, com sua presença “salvadora” das várias situações, com suas decisões e opções.
O filho ou a filha tem que, paulatinamente, aprender a usar a sua liberdade. Vai fazer suas escolhas e opções que darão possibilidade de sucessos ou derrotas, com alegrias e sofrimentos. Acertos e desacertos. Alegrias e dores. É a vida humana. A família tem que educar para esse estilo de vida. Os pais são os mestres. Mestre sem o devido preparo compromete a escola e a educação e formação que é chamada a propor, em sua ação educadora e formadora. Não há espaço para improvisação ou aventura.