Fé é caminho
A fé, segundo a perspectiva e experiência de vida da Teologia Católica, é dom de Deus e reposta humana. Essa fé é vivida, em uma comunidade de pessoas que seguem a Proposta do Reino de Deus, a Boa Nova, trazida da parte do Pai por Jesus de Nazaré, Filho de Deus. Normalmente, na linguagem corrente do dia a dia, essa Boa Nova é simplesmente denominada: o Evangelho.
Evangelho não é, portanto, um conjunto de normas, regras de vida, um tratado de ideias, uma filosofia de vida… Como é o Budismo, o Confucionismo, o Taoísmo… É um caminho. Jesus mesmo se apresenta como “eu sou o Caminho” (Jo 14,6). Quem quer chegar um dia a Casa desse Pai não há outro caminho do que Jesus. Ele mesmo afirma e confirma com sua vida, morte na cruz e ressurreição que não há outro caminho para lá chegar: “ninguém vem ao Pai, senão por mim” (idem).
Só há uma maneira de andar e ficar nesse caminho sem desvio ou descaminhos: amar – amar a Deus e aos irmãos e irmãs, — sem medida e desinteressadamente, como o próprio Jesus deu o exemplo, sem admitir exceções. Ele até privilegiou os mais necessitados. Os marginalizados, excluídos, enfermos, prostitutas, rejeitados das famílias e da sociedade…. Todos/as tiveram a oportunidade de experimentar o amor misericordioso de Jesus, o Samaritano do Pai. Jamais tentar caminhar isolado/a, mas sempre unido/a aos outros/as que estão seguindo o mesmo caminho.
Para permanecer caminhando, com o Peregrino Jesus, três elementos são fundamentais. Primeiramente, ter a humildade de escutar suas falas, as que são simpáticas e batem com o meu modo de pensar e agir, como aquelas que me contrariam, questionam, repreendem, corrigem meu modo de conduzir minha vida; não dispensar o valor e a importância da comunidade para poder encontrar as forças e o alimento (pão) que Mestre oferece aos seus discípulos; esse caminho não é mar de rosas, ao contrário, Jesus alertou várias vezes que é um caminho de sacrifícios e renúncias. É o caminho da Cruz que leva à Ressurreição. Ele sempre foi e é transparente. Jamais enganou e não engana. “Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim” (Mt 10,38).
Não podemos esquecer jamais que somos um povo peregrino e, como rezamos na Oração Eucarística V, somos um “Povo santo e pecador”. Todos estamos no mesmo caminho, seguindo o Mestre Jesus. É nesse povo que encontramos a salvação prometida e realizada por ele, pela doação de sua vida por nós.
Como o Papa Francisco com frequência nos alerta que a Igreja, Povo de Deus peregrino, tem que estar sempre “em saída”. É um povo de santos/as, alguns conhecidos e declarados oficialmente como tais, outros “santos escondidos”. E, segundo ele, são muitos. Lutam para continuar seguindo Jesus/Caminho, com muitos obstáculos, com forte concorrência, por vezes, desleal. Sobretudo, para os mais jovens, hoje, com tantas atrações atraentes e insidiosas. Permanecer no Caminho nunca foi fácil para ninguém, e não será hoje diferente. Mas, Jesus prometeu que estaria conosco até o final dos tempos. Mais ainda, pediria ao Pai para enviar o Defensor, o Advogado, o Paráclito para caminhar conosco, o Espírito Santo. E, de fato, enviou e está conosco sempre.
Estamos em boa companhia vivendo a fé como caminho de vida! Caminhemos!