Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Frattelli Tutti: a Pessoa e a Globalização

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Frattelli Tutti: a Pessoa e a Globalização

Pe. Adilson José Colombi

Para Francisco, a globalização é uma realidade presente e atuante, no momento histórico. O Papa Francisco lançando seu olhar sobre a Sociedade e a Cultura contemporâneas observa, sem dúvida, grandes avanços principalmente na Ciência e na Técnica. Por outro lado, porém, ele tem impressão que a Humanidade está desenvolvendo um cisma entre a pessoa e a comunidade humana (cfr. Nº 30).

Segundo sua visão parece que o mundo não aprendeu nada das experiências trágicas e dramáticas das tragédias do século XX (nº 13). Dá impressão que apesar dos belos avanços em vários setores da vida, quanto a outros observa-se retrocessos: os conflitos, os nacionalismos, o senso social perdido (nº11) e o bem comum parece ser o menos comum dos bens. Nesse mundo globalizado, estamos sozinhos, e prevalece o indivíduo sobre a dimensão comunitária da existência (cf. n. 12). As pessoas desempenham o papel de consumidores ou de espectadores, e os mais fortes são favorecidos.

Cresce a Cultura do Descarte. A política do consumismo, boa parte fica de fora. Muitos seres humanos, homens e mulheres, vão sobrando ou sendo descartados (n.º 19 e 20). Vão-se atropelando também os Direitos Humanos, obstaculizando ainda mais o desenvolvimento social e econômico. (nº 22). Neste contexto histórico, não se pode deixar de observar e repensar o problema das Migrações. A maioria delas por motivos políticos, religiosos, econômicos…

A Encíclica Frattelli Tutti propõe uma política que tenha uma “visão inclusiva”. Toma, como ponto de referência, a Parábola do Bom Samaritano. Um exemplo de superação dessa realidade sociocultural de banalização da Vida, sobretudo a humana, e da desvalorização do ser humano, da pessoa humana. A política de inclusão cria um caminho para gerar um mundo hospitaleiro, acolhedor, sem discriminações de qualquer diferença. Superar, portanto, uma cultura que reduziu o ser humano a um consumidor encerrado no seu individualismo e um espectador passivo do mundo circunstante.

Para essa superação, é necessário descobrir ou redescobrir o valor da existência humana, nos rostos concretos de seres humanos. Estar abertos a criar relações humanas fundadas no amor que permite o surgimento da amizade social e da fraternidade (nº 86 e seguintes). Acolhendo as diversidades de vários matizes e trabalhando para o surgimento de unidade, que não vise a homogeneizar, uniformizar, dominar.

A proteção das diferenças é o critério da verdadeira fraternidade. Amizade social e fraternidade não excluem as diferenças, mas as incluem (nº 95), na “comunhão universal” para “uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros” (nº. 96). Somos irmãos porque, ao mesmo tempo, somos iguais e diferentes: “É preciso se libertar da obrigação de ser iguais”.

O critério guia do discurso é sempre o mesmo: fazer crescer a consciência de que ou nos salvamos todos, ou ninguém se salva. Toda atitude de “esterilização” e isolacionismo é um obstáculo ao enriquecimento próprio do encontro.

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