Igreja crente e orante
Subindo a escadaria da Matriz e passando pelo Batistério (recepção do Batismo), o fiel entra na Igreja, Povo de Deus. Entra-se numa igreja de pedra para estar com uma Igreja de pedras vivas, de irmãos e irmãs. Igreja crente e orante. Começa a caminhada com e na Comunidade dos que creem, oram e seguem o […]
Subindo a escadaria da Matriz e passando pelo Batistério (recepção do Batismo), o fiel entra na Igreja, Povo de Deus. Entra-se numa igreja de pedra para estar com uma Igreja de pedras vivas, de irmãos e irmãs. Igreja crente e orante. Começa a caminhada com e na Comunidade dos que creem, oram e seguem o Mestre Jesus, como discípulos e discípulas. Inicia-se a vida de fé, com a efetiva participação na vida da Igreja. A Comunidade está reunida, em um ambiente artístico-litúrgico que leva o fiel a escutar e falar com o Senhor (escuta da Palavra de Deus) e a se nutrir do Pão Vivo descido do Céu (Eucaristia). A Palavra de Deus, a Eucaristia e a Assembleia reunida são ideias-forças de todo o conjunto arquitetônico da Matriz.
Todo o interior da Matriz desperta a sensação de elevar-se, de alçar-se do chão humano (do dia a dia de cada um) para o Alto (as colunas esguias e altas, a cúpula…), para o Divino. A Comunidade reunida para escutar, orar e se alimentar do mesmo conteúdo (Palavra de Deus, Eucaristia e Partilha de vida) que alimentou a Primeira Comunidade dos Apóstolos e as Primeiras Comunidades Cristãs, lembrado pelas 12 colunas, espalhadas no recinto destinado à comunidade orante. Essas doze colunas, fazem memória dos doze Apóstolos que são as Colunas que sustentam a Comunidade dos que vivem a Proposta de Vida, trazida por Jesus, da parte do Pai. Proposta de libertação e salvação.
Todavia, o fiel mesmo envolvido por essa atmosfera de abertura para o Infinito, na medida que vai adentrando na Matriz, seus olhos se voltam quase automaticamente para o Altar, que é o ponto de convergência de todas as atenções da comunidade reunida. Altar, na igreja, é lugar onde ocorre o sacrifício incruento do Cristo, a Ceia do Senhor, a Eucaristia. É a Memória da Última Ceia do Senhor com o Apóstolos, na Quinta Feira Santa, no Cenáculo de Jerusalém. É a antecipação do que irá acontecer no dia seguinte (Sexta Feira Santa) no Calvário. Jesus doa, entrega a sua vida, na Cruz, para o nosso resgate, para nossa libertação do pecado.
O Altar da Matriz é composto de uma mesa, um bloco de pedra maciça, sustentado por outras entalhadas e estilizadas, representando os doze Apóstolos, participantes da Última Ceia do Senhor. O altar, símbolo e palco da Última Ceia do Senhor com os Apóstolos (Cfr. Mt 16,17), domina o espaço diante da assembleia litúrgica reunida.
Um Baldaquino é sobreposto ao altar, dando-lhe o realce, a dignidade, a solenidade que ele merece, pois, ele representa o Cristo, a “Pedra rejeitada” que se tornou “Pedra angular” (Cfr. Mt21,42). Além do mais, a Eucaristia é o centro, o ápice de toda a ação e vida litúrgica da Comunidade de fé, esperança e caridade. Cristo é o alicerce, a rocha onde toda a vida cristã tem que estar assentada para conseguir ser autenticamente fiel a Boa Nova do Reino (Cfr. Lc 6,48).
Como se percebe, o projeto arquitetônico pretende passar a ideia que o fiel, após a “subida do Calvário” (a escadaria), numa escolha livre e consciente, aceitando, aderindo e entregando-se ao Cristo (passando pelo Batistério pelo Batismo, porta estreita) pretende viver e participar de e em uma comunidade de irmãos e irmãs, alimentando-se da Palavra de Deus e da Eucaristia, seu Corpo e Sangue. (continua).
P. Adilson José Colombi scj, prof. de Filosofia.