Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Individual e coletivo

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Individual e coletivo

Pe. Adilson José Colombi

A Proposta de Vida que Jesus Cristo trouxe da parte do Pai para o ser humano é uma proposta de transformação pessoal e comunitária. Jesus veio proporcionar uma libertação, uma salvação para um povo. Todavia, o ser humano encontra a sua libertação ou salvação, enquanto está inserido nesse povo. Jesus não veio redimir, libertar, salvar a João, Maria, Francisco, Pedro ou Madalena individualmente. Mas, enquanto são integrados e participantes desse povo liberto pela Palavra e Ação do Cristo. Redenção, libertação, salvação realizada pela doação, pela oferta e entrega de sua Vida pela Paixão, Morte de Cruz e Ressurreição de Jesus. No dizer de São Paulo, não fomos comprados (redimidos, libertos, salvos) a preço de ouro ou prata, mas pelo sangue de Cristo, derramado até última gota na cruz.

A participação nessa caminhada de remissão, libertação, salvação começa, por meio de uma mudança de vida livre, consciente e responsável, assumindo a Proposta de Vida, apresentada por Jesus. É a chamada conversão. É a metanóia: mudança radical de vida que vai se prolongando pela vida toda até a libertação definitiva na Casa do Pai. Essa transformação ocorre no interior do ser humano, unido aos que já estão caminhando como Povo de Deus, construindo a Civilização do Amor, neste mundo, lutando para que a justiça e amor estejam presentes e sejam o fundamento do bem comum. Portanto, a remissão, a libertação, a salvação são, ao mesmo tempo, individual e coletiva ou melhor é pessoal e comunitária. Não dá para separar. Uma implica na outra.

Na América Latina, depois do Concílio Vaticano II e das Conferências de Medellin e Puebla, surgiram muitos movimentos populares, onde cristãos/ãs se engajaram. Muitos desses movimentos, não todos, portanto, tinham como inspiração de transformação da sociedade existente a perspectiva socialista, alguns até com as ideias marxistas. Esses movimentos populares eram alimentados, em sua caminhada e em sua esperança de libertação, com as reflexões dos intelectuais orgânicos. Boa parte destes, bastante distantes dos ambientes vividos pelos integrantes dos movimentos populares. Até chegarem à conclusão que a única forma de transformação sociocultural possível era pela revolução. Foi esquecida ou posta entre parêntesis a dimensão vertical, priorizando a horizontal da transformação sociocultural. Isto equivale dizer que se privilegiou a dimensão política da libertação, esquecendo ou até negando a necessidade de qualquer referência ao espiritual, ao sobrenatural. A libertação é pela política. Foram as experiências da Nicarágua e Chile. Sabemos quais foram os resultados.

Aproveitaram a dimensão judaico-cristã da libertação que, de fato, é feita por um povo, iluminado pela Palavra de Deus. Só que ao invés da Palavra de Deus, colocaram a política, nutrida pela ideologia socialista ou socialista-marxista, como móvel propulsor de toda a transformação sociocultural. Acreditaram que bastava transformar as estruturas socioculturais para resolver todos os problemas socioculturais. Esqueceram que sem a transformação da pessoa humana e das pessoas não acontece a transformação sociocultural integral. A libertação tem que ser, necessariamente, pessoal e comunitária. Senão não é libertação, é outra maneira de escravidão.

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