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O brusquense e a vivência da fé

Nós, brusquenses, fazemos parte da Sociedade e da Cultura Ocidentais. Hoje, o Ocidente, de modo geral, vive como se Deus não existisse. Países que no passado, não tão distante, viviam tradições cristãs e espirituais bem definidas e intensas, hoje, deixaram ou até negam suas raízes cristãs de maneira acintosa. O Ocidente decidiu afastar-se de sua […]

Nós, brusquenses, fazemos parte da Sociedade e da Cultura Ocidentais. Hoje, o Ocidente, de modo geral, vive como se Deus não existisse. Países que no passado, não tão distante, viviam tradições cristãs e espirituais bem definidas e intensas, hoje, deixaram ou até negam suas raízes cristãs de maneira acintosa. O Ocidente decidiu afastar-se de sua relação com a fé cristã, vivenciando uma secularização ou um secularismo acerbado, que equivale dizer um ateísmo prático.

Claro que essa situação não aconteceu de um dia para o outro. Tem toda uma trajetória que dá para delinear, ainda que sucintamente. De fato, começa mais intensamente no final da Idade Média e se acentua com o Renascimento ou Renascença, com a releitura da Filosofia greco-romana. Daí, surge uma nova visão da realidade sociocultural, que inclui a nova visão do mundo, do ser humano e de Deus. Deus não é mais visto e tido como centro dessa realidade, mas o ser humano. Passa-se de uma cosmovisão teocêntrica (Deus como centro de tudo) para uma visão antropocêntrica (o ser humano como centro da realidade).

Não só a Filosofia Renascentista acentua tal posicionamento, mas sobretudo as artes de modo geral. Tudo o que é produzido artisticamente é para chamar a atenção para a Natureza, o Natural e não o Sobrenatural (exposição do corpo humano, sem vestimentas, mostrando toda a sua beleza e forma naturais). É o ser humano que é apresentado em todas as suas manifestações. Respira-se um Naturalismo e um Humanismo, em todas as realizações do ser humano, das filosóficas até as mais corriqueiras do dia a dia.

Da cosmovisão renascentista e humanista, surge a perspectiva mais radical do Século das Luzes, o Iluminismo ou Ilustração, e das correntes políticas que surgiram sob sua inspiração. A partir daí o Ocidente vai se distanciando sempre mais da crença e da vivência da fé cristã. Sobretudo, com a descoberta da Método Científico, fundamento da Ciência e da Técnica Modernas.

A visão e o posicionamento diante da realidade total, tendo por base o Iluminismo e o espírito científico, não deixam espaço para a fé cristã. A visão otimista na capacidade e no poder da razão humana e em suas realizações é tão grande que ela vai resolver todos os problemas humanos. Para que se colocar em sintonia com Deus, se o ser humano pode dar conta de conduzir sua vida sem presença ou colaboração de um Deus.

No século XIX, Feuerbach e Karl Marx radicalizaram ainda mais o distanciamento da fé cristã e até estenderam para toda e qualquer manifestação religiosa. Seja qual for, será sempre uma alienação, um roubo do ser humano para dar para um ser fantástico, denominado deus. Toda religião é prejudicial ao ser humano. Por isso tem que ser eliminada definitivamente para que o ser humano seja livre de verdade. O ser humano basta-se a si mesmo.

O século XX vai aprofundando esse modo de ser e de viver, criando uma Sociedade e uma Cultura, impregnada de relativismo e de subjetivismo que não há mais espaço para a afirmação ou vivência de valores que acenem para realidades permanentes ou eternas. O ser humano ocidental, sobretudo, vive do imediato, do transitório. De maneira que a praticidade vai construindo sua vida.

O brusquense em sendo um ocidental assimilou bem essa mentalidade da Modernidade. Também, na sua vivência religiosa. Claro que não se pode generalizar. Mas, basta observar a vida da grande maioria das famílias brusquenses que, na prática, vivem sua vida como se Deus não existisse. Desapareceu de sua agenda, a oração, a vivência do domingo como dia do Senhor, a participação na comunidade cristã, nas celebrações…. Isto acontece com pessoas que na infância e adolescência tiveram um ambiente, ainda cristão. É o chamado ateísmo prático. Como será a vida de seus filhos?