O modo e conteúdo dos encontros mudaram
Na semana passada, escrevia, aqui nesse espaço jornalístico, algo a respeito do mês que estamos vivendo: Junho Festivo. Apresentava algumas considerações sobre as festividades das Festas Juninas. Sobretudo, a Festa de São João. Dizia sobre os modos de manifestar a alegria popular por meio de cânticos, danças, quadrinhas, comidas, bebidas, concursos, encontros variados…. Todas realizadas […]
Na semana passada, escrevia, aqui nesse espaço jornalístico, algo a respeito do mês que estamos vivendo: Junho Festivo. Apresentava algumas considerações sobre as festividades das Festas Juninas. Sobretudo, a Festa de São João. Dizia sobre os modos de manifestar a alegria popular por meio de cânticos, danças, quadrinhas, comidas, bebidas, concursos, encontros variados…. Todas realizadas com grande afluência de pessoas, muitas com seus trajes características da vida rural, dita “caipira”.
Tudo vivido, em grande parte, num ambiente comunitário, em que reinava um clima bastante familiar, já que a grande maioria das pessoas se conheciam ou, ao menos, encontravam-se com relativa frequência em outras atividades comunitárias. Observa-se, de modo geral, uma comunicação quase familiar, próxima, bastante personalizada. Nesse ambiente, além das atividades próprias da festividade, aconteciam paralelamente os encontros variados, inclusive de namorados, conversas animadas, normalmente a respeito da vida familiar, das atividades da comunidade, acontecimentos, principalmente os locais. Na verdade, ocorria aquilo que o Papa Francisco, na Carta Encíclica Fratelli Tutti (04/10/2020), denomina: Cultura do Encontro.
De fato, eram encontros de pessoas, face a face, sem mediação, a não ser a presença física, com os meios próprios de cada pessoa se comunicar com seu semelhante, seguindo os hábitos próprios da cultura local. Normalmente, reinava um clima de fraternidade e de respeito mútuo, com raras exceções que eram severamente punidas, com a exclusão do recinto. Era a maneira criativa e respeitosa de se comunicar e de se encontrar, para juntos desfrutarem de momentos de alegria e congraçamentos.
Certamente, em alguns lugares desse país ainda se vive, mesmo nesse tempo com tantas transformações socioculturais, ambiente festivo ainda com quase esse molde. Mas, a Sociedade e a Cultura, principalmente nos grandes centros urbanos, mudaram muito. Hoje, existem os momentos de lazer e de divertimentos coletivos, mais que comunitários; eles têm outra configuração.
São outros ambientes, outras músicas, outras vestimentas, outra coreografia, enfim, pouco sobrou daquele ambiente que se respirava uma atmosfera de encontros respeitosos, canções românticas com ritmos populares, próprios do povo com temas ingênuos, humorísticos que cantavam o amor, o casamento, a família, a vida da comunidade, a vida de trabalhos e de dedicação à família e também aos valores espirituais. Boa parte do que é vivido, nesses encontros, que recebem vários nomes, quase todos estrangeiros, como quase tudo o que acontece, lá, é importado. Não brota da nossa Cultura. Quanto muito é “abrasileirado”.
Penso que observar tudo isso, não seja saudosismo, menos ainda um julgamento de valor. É, porém, uma constatação a ser feita. Pois, a mudança, a transformação está aí. Como administrá-la para que possa somar para o conjunto da Sociedade e da Cultura? Como encaminhá-la para a construção do bem comum?