Obrigado Dom Eusébio
Sim, muito obrigado, Dom Eusébio Oscar Cardeal Scheid scj. O Sr. fez parte de minha vida. Foi meu excelente professor de Teologia, em Taubaté, Vale do Paraíba, SP. Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, P. Dionísio Tecilla e eu fomos os primeiros alunos de Teologia que ele formou, no antigo Convento Sagrado Coração de Jesus, na Vila S. Geraldo, Taubaté, SP, de 1966 a 1969. Com ele, convivemos mais de quatro anos de nossa vida, na mesma comunidade religiosa. Desfrutamos juntos de momentos inesquecíveis. Em dezembro (07 e 13) de 1969 fomos ordenados presbíteros da Igreja.
Em Taubaté, convivemos juntos, padres e estudantes de Teologia, muitos eventos marcantes. Compartilhamos, padres e estudantes, trabalhos apostólicos, nos bairros da cidade de Taubaté e em Comunidades do interior da região. Disputamos juntos muitas partidas de futebol, no campo do Conventinho (como era denominado o nosso Convento SCJ, em confronte com o “Conventão” dos franciscanos, mais central). Também, não faltaram algumas discussões animadas e acaloradas, nas partidas de bocha. Padre Eusébio nem sempre jogava futebol ou bocha, mas quase sempre estava presente ao lado do campo ou da cancha de bocha, dando seus “célebres palpites”, que nós os chamávamos de “peruadas do Eusébio”. Peruadas (vem de “peru”, apelido daquela pessoa que fica “comentando ou palpitando ou gozando” continuamente dos jogadores).
Padre Eusébio (como o chamávamos, na época) era recém-formado na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. O Concílio Vaticano II terminara no ano anterior, em 1965. Veio, então, com os Documentos do Concílio Vaticano II, em mãos. E, dessa forma, começou a dar suas ricas e bem preparadas aulas, recheadas de citações bíblicas e dos Concílios, especialmente, do Concílio Vaticano II. Era perito em Cristologia, sua área preferida, além de temas afins. Para aqueles tempos, que poucos conheciam os Documentos do Concílio Vaticano II, ele foi um exímio mestre que nos colocou não só em contato com esses ricos textos, mas cobrou, com grande destreza, o seu conteúdo. Sinceramente, fomos uns privilegiados, podendo participar de suas aulas. Ainda mais que seu colega professor, era padre José Couto, depois dom José Couto scj, bispo de Taubaté. Também grande conhecedor do Vaticano II. Além de outros professores que seguiam a mesma linha teológica. Dessa forma, tivemos o privilégio de beber dessa fonte genuína da renovação da vida da Igreja, que ocorreu na esteira da realização, do espírito e dos profundos Documentos do Vat. II.
Dom Eusébio, embora tivesse recebidos dos seus superiores da Congregação dos Padres do Sagrado Coração a incumbência e a missão de ser professor de Teologia, preparando novos presbíteros para a Igreja, jamais deixou de estar com o povo de Deus. Sempre manteve sua presença e atuação, nas Comunidades Cristãs da região de Taubaté e adjacências. Sempre acompanhado de seminaristas, estudantes de Teologia, seus alunos. Certamente, seu preparo teológico e seu zelo de pastor do Povo de Deus pesaram muito para a sua escolha de ser um Bispo, Arcebispo e Cardeal da Igreja.
Seu modo de pastorear nem sempre foi bem aceito por uma parcela de padres e de fiéis da Igreja, alegando seu “jeito” de lidar com as pessoas e situações, por vezes muito franco e direto. Isto, certamente, não é uma exceção. Todavia, não é possível de esquecer e de admirar sua sabedoria teológica, sua fidelidade e coerência com a Doutrina Católica. Também, é bom notar também seu zelo pelo trabalho apostólico e pela preparação de novos sacerdotes e leigos para servir o Povo de Deus.
Padre Eusébio ou Dom Eusébio muito agradecido sou, pela sua presença em minha vida e na vida de meus irmãos no ministério presbiteral e da vida religiosa. Que a Mãe de Jesus, Maria de Nazaré, carinhosamente o abrace como filho. Deus, na sua misericórdia e bondade o acolha e lhe dê a paz eterna.