Os novos excluídos e marginalizados
Estamos vivendo, em uma Sociedade e uma Cultura, imersos nos meios de comunicação social – a dita mídia ou mídias. Nesse mundo, o rádio, a TV, o computador e principalmente o celular nos conectam com possibilidades mil. Conexões que, hoje, muitas são imprescindíveis. Basta dar uma queda de energia elétrica e, logo, instala-se uma pane na atividade humana, em quase todos os setores da vida de boa parte de todos os ambientes. A mídia tornou-se cada vez mais inseparável de nosso viver cotidiano. É uma onipresença que vai simplificando a vida para alguns. Outros, porém, vão, pouco a pouco, sendo marginalizados, excluídos, porque não têm acesso ou porque não sabem se servir dela ou ainda optam por não se deixar enredar e contaminar por ela.
Essa prática está tão arraigada e presente que já temos um bom número de novos viciados: os dependentes da mídia, sobretudo, do celular. Dependência tão grave ou até mais obsessiva do que as chamadas drogas lícitas (álcool) e ilícitas (cocaína, craque…). Inclusive, já estão aparecendo clínicas de recuperação de dependentes da mídia. Casas especializadas em tentar dar ao dependente da mídia, a possibilidade de um retorno a vida da sociedade, sem essa dependência opressora e escravizante.
Em tempos idos, os excluídos e marginalizados eram os leprosos, os loucos, os opositores políticos ao regime vigente, os pobres…. Hoje, são os que não tem acesso à mídia. Os motivos dessa exclusão pode ser a carência deles em sua vida cotidiana, a pobreza, a sua localização sem acesso aos meios modernos de comunicação, a velhice que lhes dificulta sempre mais a inserção na vida da sociedade e da cultura. Esses são os novos excluídos e marginalizados do século XXI.
Muitos idosos e idosas, já pelo fato de estarem nessa faixa etária, são colocados em situações de isolamento ou tolhidos das possibilidades de comunicação, por vezes até por razões físicas. Tal situação se agravou bastante, em muitas famílias e ambientes socioculturais após o advento massivo da parafernália própria da mídia moderna. Desta forma, muitos, agora, sentem-se duplamente excluídos, pelos mecanismos antigos ainda vigente em muitos ambientes, acrescidos dos modernos mediáticos. Assim, vão experimentando, sorrateiramente, mas sentidamente, os afetados, a opressão física, social, mental da marginalização.
Frequentemente, soma-se à exclusão a gozação, a chacota e pior ainda a recusa de uma ajuda fraternal e compreensiva por parte dos “entendidos” na arte da comunicação virtual. Quando não são esculachados e repelidos, desejando que “sumam”, porque estão atrapalhando o “andamento das coisas”, com sua presença indesejada. “Porque não ficam em casa”, escuta-se com relativa frequência de gente mais jovem. Certamente, não tem ainda consciência clara que um dia estarão na mesma situação e que também a mídia já estará bem mais sofisticada que hoje. Talvez também não terão tanta habilidade de acompanhar toda essa evolução inexorável e incontrolável.
Claro que os idosos e idosas, de sua parte, têm que buscar os meios adequados para estar informados, dentro de suas possibilidades; atualizar-se sem estacionar, tomados por um saudosismo do passado que não existe mais. Portanto, sem acomodar-se em sua inércia e ficar lamentando o passado que já se foi e tentar se situar nos novos espaços formados pela nova realidade sociocultural: a mídia.