Que “imagem” você faz de Deus? (3)
Já vimos as duas respostas à questão – quem é Deus para você? – dos dois grupos que o consideram como um Potentado absoluto ou força bruta e cega que tudo subjuga e domina, por medo lhe obedecem e o servem para evitar contrariá-lo e serem punidos drasticamente. A resposta do segundo grupo o considera […]
Já vimos as duas respostas à questão – quem é Deus para você? – dos dois grupos que o consideram como um Potentado absoluto ou força bruta e cega que tudo subjuga e domina, por medo lhe obedecem e o servem para evitar contrariá-lo e serem punidos drasticamente.
A resposta do segundo grupo o considera como um Magnata riquíssimo, servindo-o basicamente como escravo ao seu patrão, para poder participar com uma pequena porção da enorme riqueza. Ambos constroem a resposta a partir de si mesmo, ti do seu próprio interior.
Os integrantes do terceiro grupo não fabricam para si uma “imagem” interior de Deus. Ao contrário, buscam-na fora de si mesmos, porque percebem que não são nem escravos nem mercenários, que esse estilo de vida não pode ser a de uma criatura, criada por amor, com amor e para o amor. Então, vão procurar na Revelação que está na Palavra de Deus a melhor e a única resposta verdadeira. Principalmente, aquela que foi revelada e proposta por Jesus, o Deus-Conosco, “a presença visível do Deus invisível” (Cl, 1. 15) segundo a expressão de São Paulo.
Bem, essa “imagem” que Jesus veio revelar de Deus, não é nem uma força cega e subjugadora nem um magnata riquíssimo. Pelo contrário, Jesus apresentou e apresenta um Deus que é Pai. Tal imagem de Deus muda completamente a relação entre a Pessoa de Deus e minha pessoa. Relação filial, fundada no afeto e no amor.
A qualidade da relação é bem outra. Jesus fala sim, em “servo”, mas não no sentido de “escravo” da relação “patrão-servo”, mas no sentido de serviço entre “pai-filho”, numa atitude de partilha de vida, de cooperação na construção da família. Não se nega o poder de Deus, pois não há contradição entre autoridade e paternidade ou maternidade. Também não se nega sua riqueza infinita. Afinal, é visto e crido como Criador de tudo o que existe. É, de fato, o Senhor de tudo.
É, justamente, a partir dessa abundância infinita que se conhece e experimenta sua generosidade, benevolência e bondade paternais sem limites. No dizer de Jesus, um Deus que faz “brilhar o sol e cair a chuva sobre justos e injustos, gratos e ingratos e que cuida até do fio de nossos cabelos” (Mt 5, 45).
O Deus de Jesus é Onipotente, sim, mas não é uma força bruta, cega, ao contrário, é amor que abraça, cuida, corrige, perdoa, que usa de misericórdia e se alegra com a parceria na construção do seu Reino de Paz, Justiça e Amor.
Nesse grupo a autoimagem não é de escravo, mercenário. Por isso, as relações interpessoais (Deus e o ser humano) não são relações de submissão ou bajulação, em busca da benevolência e favores, mas de amor filial e de serviço desinteressado, tentando fazer a Vontade do Pai, como obediência filial e generosa, a fim de seguir o exemplo que nos deixou, como seu testemunho, o próprio Filho de Deus, Jesus Cristo.
Por isso é sempre bom e oportuno rever a “imagem” que se faz de Deus. Por outro lado, é também, bom e oportuno, rever a “imagem” que fazemos de nós mesmos. Dessa relação de imagens, nasce um estilo de vida espiritual que tem seu reflexo e eco no estilo de vida dos relacionamentos interpessoais que cultivamos, seja na família como também nos ambientes que frequentamos.