Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Seja voluntário

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Seja voluntário

Pe. Adilson José Colombi

 

“Seja voluntário (a) é um pedido que se escuta com frequência”. Inclusive, entre nós. Mas, o que é ser voluntário? Bem, a própria palavra – voluntário ou voluntariado – vem do latim e tem relação direta com a vontade (em latim voluntas). Uma das faculdades ou capacidades que caracterizam o ser humano. Tem ligação estreita com a liberdade, nosso grande dom natural, recebido do Criador. Por ela e com ela, fazemos nossas escolhas. Tomamos nossas decisões. Pensamos e agimos como seres livres. Unida à inteligência, representa o marco da grande ruptura entre o ser humano e os outros seres.

Escutamos, também com frequência, “faça parte do Voluntariado da nossa instituição ou da nossa comunidade ou do nosso grupo”. É ser um (a) voluntário (a). É saber usar sua vontade (liberdade), consciente e livremente, em favor de outrem ou de algo. É colocar-se numa atitude efetiva de exercício da gratuidade. É o testemunho concreto da solidariedade, de fraternidade.

Ser voluntário, no dizer do papa Francisco “é vestir o avental e se inclinar para servir os irmãos em dificuldade, particularmente, os pobres”. Ser voluntário é seguir o exemplo do bom samaritano do Evangelho. É ser capaz de não só ver, ou menos ainda criticar apenas, mas arregaçar as mangas e buscar, com outros, possíveis soluções para os problemas que a vida põe em nosso caminho. Ser voluntário é a maneira mais prática de não ser omisso. Omissão é o grande pecado do crente e do não-crente. De uma ou de outra forma, todos nós a vivenciamos, quase todos os dias. Talvez, todos os dias.

Ser voluntário não pode resultar, apenas, de um impulso cheio de “boa vontade”. De um momento de inspiração ou de emoção diante de certas circunstâncias. Pelo contrário, como foi já acenado acima, tem que ser fruto de escolha, de opção, de decisão livre e consciente. Portanto, resultante de reflexão, de discernimento. Talvez até, de aconselhamento. Porque empenha a vida pessoal e, muitas das vezes, implica o consentimento de outros, aos quais estamos relacionados.

Além disso, não bastam, como se costuma dizer, “arregaçar as mangas” “com a cara e a coragem”. Ser voluntário exige uma série de virtudes que nem sempre são naturais. Normalmente, exige preparo, desprendimento, paciência, compreensão, amor, generosidade, capacidade de lidar com o diferente, abnegação, crer no ser humano, além de Deus. Tempo e disponibilidade.

Ser voluntário é um modo de ser grato a Deus por tudo o que somos e possuímos. Por isso, é o exercício efetivo da gratuidade. Não foi à toa que o próprio Jesus de Nazaré disse: “tudo o que fizeres a um desses pequeninos é a mim que o fizeste” (leia, Lc 10, 30-37). É uma maneira de devolver a Deus o que é de Deus. Pois, como nos assevera são João, em sua carta, “Deus é amor”. Portanto, fomos criados “imagem e semelhança” dele. Somos agraciados com o amor de Deus. Amar o “irmão, sobretudo, o mais necessitado” é a maneira humana de dizer a Deus que somos gratos, “por nos ter amado primeiro”.

Ser voluntário é, sem dúvida, excelente modo de seguir o Mestre Jesus, o Voluntário do Pai. É colocar nossa pessoa, nossa cultura, nosso tempo, parte de nossos bens materiais se necessário, a serviço dos irmãos (ãs). Tudo isso, evidente, de maneira totalmente desinteressada. Por isso, o gesto do voluntário, em hipótese alguma, pode visar interesse de qualquer ordem. Menos ainda, lucro, vantagem de qualquer tipo. Tem que ser, necessariamente, pura doação, entrega, generosidade, gratuidade, amor.

Já pensou em ser voluntário (a)? Dê o passo seguinte… e decida se engajar!

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