O ”hoje cristão” é temperado pela esperança
O “hoje” da fé cristã engloba o passado, o presente e o futuro. Por que a fé cristã nos diz que o nosso Deus é um Deus que nos criou e, apesar de nossa desobediência original, jamais nos deixou de amar ou nos abandonou. Pelo contrário, sempre esteve presente, em todos os momentos de nossa História. Prometeu e, continuamente, renovou as promessas que nos iria libertar.
Essas promessas alimentaram, ao longo da história, a esperança de uma libertação, de uma redenção, de uma salvação de nossas escravidões. Por isso, a história humana sempre apontava para um novo tempo, um novo futuro. A perspectiva do cristão e da cristã é a esperança. A esperança iluminada pela fé, capaz de fazer nossos olhos enxergarem, além do horizonte humano.
Para nós, cristãos/ãs católicos/as, a fé não é um conjunto de ideias, doutrina, sentimentos, crenças, ritos… Ela tem seu conteúdo num fato concreto, histórico. O fato é Jesus de Nazaré, nascido em Belém de Judá. A “Palavra” (o Verbo) se fez carne e habitou entre nós…” (Jo 1, 14). Jesus assumiu nossa condição humana, “em tudo semelhante a nós, menos no pecado” (Hb 4,15). A fé consiste em aceitar a Pessoa de Jesus, em aderir a sua Proposta de Vida (Boa nova do Reino) e segui-lo. Jesus é Promessa (passada), Promessa Cumprida (presente), Promessa de Vida Eterna na Casa do Pai (futuro). O nosso Deus só tem o Hoje, não há Passado, nem Futuro. É o “Hoje Eterno”.
A Memória que faremos do Nascimento de Jesus, dia 25 de dezembro, chamamos de Natal do Senhor. É o “Hoje” de Deus, do Deus que sempre esteve presente na História humana. E sempre esteve, está e estará para sempre. Por isso, para o cristão católico/a o Natal não é, apenas, mais uma aniversário de Jesus, simples recordação de um fato histórico, como são nossas comemorações dos nossos nascimentos. É o Memorial do Nascimento de Jesus (“Memorial” significa, na teologia católica, atualização de um fato passado, isto é, trazer para o presente o que aconteceu no passado). Jesus é uma presença, constantemente presente. É sempre uma novidade. Uma boa nova.
Nesse ano de 2020, que praticamente o iniciamos com a pandemia da Covid-19, que esmoreceu a muitos, tirou a esperança de suas vidas, obscureceu o presente e que, para alguns, fez refletir sobre sua vida passada e para alguns outros olharem para o futuro com visão turva e nebulosa, sem grandes perspectivas de vida.
Para nós, à luz da fé em Cristo Jesus, o tempo presente, apesar dos cenários com presença de tantas crises, com vários matizes, revela-se cheio de desafios para todos e nos obriga usar nossa criatividade e inventividade para construir um novo tempo, um novo futuro. Nossa perspectiva é a da esperança, esperança iluminada e alimentada pela fé. A esperança cristã, porém, fornece o tempero que dá sabor a vida diária.
O Papa Francisco, na sua reflexão sobre o Natal do Senhor nos diz: “É o amor divino, o amor que transforma a vida, renova a história, liberta do mal, infunde paz e alegria. Nesta noite (de Natal), foi-nos mostrado o amor de Deus: é Jesus. Em Jesus, o Altíssimo fez-se pequenino, para ser amado por nós. Em Jesus, Deus fez-se Menino, para se deixar abraçar por nós” (Natal do Senhor).
Caro leitor e estimada leitora, muitíssimo obrigado pela sua presença e pelo seu estímulo, durante o ano todo, cada semana. Que o Menino de Belém, o Deus-Conosco, lhes dê o que não posso: muita saúde, paz e alegria de viver, esperança de vida nova, neste Natal. E que o Novo Ano de 2021 seja, todos os dias seus, temperados pela Esperança de um futuro melhor para você, sua família e mundo que o/a cerca. Deus os/as abençoe com os melhores dons do Alto, junto às suas famílias.
Feliz Natal e um Abençoado Ano Novo!